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domingo, 1 de novembro de 2015

Como lidar biblicamente com o passado

Como lidar biblicamente com o passado

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Steve Viars

Passado é um assunto que desperta o interesse. Crentes e incrédulos falam sobre as feridas do passado, os abusos do passado e as memórias dolorosas do passado. Líderes cristãos, psicólogos, a mídia, e até os astros do cinema, parecem centrar a atenção em como lidar com esta área da vida para benefício próprio ou de outros.
Entre aqueles que participam da discussão sobre o passado, muitos buscam em fontes alheias à palavra suficiente de Deus, a Bíblia, as respostas para essa área que diz respeito ao homem interior. Eles contribuem para aumentar a confusão no meio cristão. Neste artigo, buscamos apresentar respostas bíblicas concisas para quatro perguntas importantes a respeito do passado.
O meu passado afeta o presente e o futuro?
Conquanto o mundo ao nosso redor erre em dizer que “o passado é tudo”, a Igreja não deve assumir a posição de que o “passado é nada”. A Palavra de Deus revela-nos com clareza que o passado de uma pessoa pode afetar profundamente seu presente e futuro. A Bíblia usa, no mínimo, três maneiras para nos esclarecer acerca do passado.
Primeiro, a Bíblia fala por meio de afirmações diretas. Gálatas 6.7 diz: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”.
Segundo, a Palavra de Deus revela por meio de princípios claros que o passado de uma pessoa pode afetar seu futuro. O livro de Provérbios, por exemplo, argumenta repetidamente que se uma pessoa fizer “tal coisa” agora (no presente, que mais adiante será o seu passado), “tal coisa” acontecerá no futuro. “Por uma prostituta o máximo que se paga é um pedaço de pão, mas a adúltera anda à caça de vida preciosa.” (Pv 6.26)
Por último, a Bíblia fala do passado por meio de narrativas. As várias narrativas que encontramos nas Escrituras permitem ter uma visão panorâmica da vida de personagens bíblicos e perceber como as escolhas e ações do passado afetam o futuro.
Sem dúvida, a Palavra de Deus ensina que o passado de uma pessoa afeta o seu presente e futuro. Não podemos chegar a conclusões semelhantes às do mundo ao nosso redor, mas também não devemos ignorar a importância do passado e suas implicações para o processo de santificação.
Eu não estaria melhor sem lembrar o meu passado?
Quando alguém levanta o assunto passado, geralmente o faz de maneira negativa. O passado é apresentado como turbulento, doloroso, ligado a estragos e feridas, quase como se Deus tivesse sido cruel para conosco dando-nos a capacidade de lembrar. Por aquilo que alguns dizem, a solução ideal parece ser uma enorme máquina pela qual os crentes pudessem passar e ter a memória completamente apagada. O passado é visto como um grande peso, um inimigo cruel, um capataz malvado.
A perspectiva bíblica é completamente diferente. A memória é um dom do Criador. O Senhor criou seus filhos especificamente com a capacidade de lembrar, e o passado pode ser de grande benefício espiritual para nós. Veja alguns exemplos:
(1) O passado nos ajuda a enfrentar os desafios com força e confiança.
“Disse mais Davi: O SENHOR me livrou das garras do leão e das do urso; ele me livrará das mãos deste filisteu. Então, disse Saul a Davi: Vai-te, e o SENHOR seja contigo.” (1Sm 17.37)
(2) O passado nos ajuda a lidar com as provações.
“…temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?”(Jó 2.10)
(3) O passado nos ajuda em direção ao arrependimento.
“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se    não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.” (Ap 2.5)
(4) O passado nos mantém humildes.
“Lembrai-vos e não vos esqueçais de que muito provocastes à ira o SENHOR, vosso Deus, no deserto; desde o dia em que saístes do Egito até que chegastes a este lugar, rebeldes fostes contra o SENHOR.” (Dt 9.7)
(5) O passado nos ajuda a perdoar.
“Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?”(Mt 18.32-33)
O fato é que enquanto o mundo ao nosso redor costuma falar sobre o passado de um ponto de vista negativo, as Escrituras mostram de várias maneiras que o passado pode ser de grande ajuda no processo de crescimento que Deus opera em nós.
Devo olhar para o meu passado como um grande todo?
Embora o passado de uma pessoa possa ser de grande benefício para o processo de santificação, ele também pode ser bastante prejudicial se não for tratado biblicamente. Boa parte da confusão origina-se em falharmos na divisão deste assunto em categorias bíblicas. Quando falamos no passado, uma das perguntas fundamentais deve ser: “Você está falando sobre o passado em que foi culpado ou inocente?”. A Bíblia tem respostas para ambas as categorias, mas aplicar um conjunto de respostas à categoria errada pode levar a um grande engano.
O passado em que fomos culpados
Aqui nos referimos à parte do nosso passado em que nós pecamos contra Deus e outras pessoas. A pergunta fundamental a ser feita é: “O pecado foi confessado?”. Se a resposta for “Não”, o crente deve dar os seguintes passos:
a) confessar o pecado a Deus (1 Jo 1.9);
b) pedir perdão às pessoas envolvidas (Mt 5.24);
c) restituir, se necessário (Lc 19.1-9).
A razão por que muitos crentes são “perseguidos” pelo passado é que não lidaram com sua culpa. Mesmo em situações em que a outra pessoa também pecou “ou talvez até tenha sido a primeira a pecar”, o crente deve lidar com a sua parte de culpa no problema.
Se o pecado foi confessado, então o crente tem agora algumas responsabilidades:
a) alegrar-se no perdão de Deus (Sl 40.1-3);
b) aproveitar a aula de teologia: usar a situação como uma oportunidade para crescer no entendimento do caráter de Deus;
c) prosseguir − em lugar de continuar a se espojar no próprio pecado (Fp 3.13; Sl 103.12).
O passado em que fomos inocentes
Aqui nos referimos às situações do nosso passado nas quais outros pecaram diretamente contra nós ou quando sofremos os resultados de viver em um mundo pecaminoso. A pergunta esclarecedora é: “Alguém esteve diretamente envolvido?”. A resposta nos orienta na escolha de quais princípios bíblicos precisam ser aplicados.
Se a resposta for “Sim”, então é hora de considerar várias perguntas adicionais:
1. Minha memória é perfeitamente confiável?
2. Sou de fato inocente?
3. Eu respondi devidamente?
4. Devo confrontar a pessoa? Se sim, já dei passos nesta direção?
5. Se a pessoa se arrependeu, eu concedi perdão?
Se não há outra pessoa envolvida, ou se os passos acima já foram completados, o Senhor pode usar as situações do passado em que fomos inocentes como uma oportunidade notável de crescimento. Estas são algumas perguntas que o crente deve considerar:
1. Como outros servos de Deus enfrentaram tempos difíceis e lidaram com situações semelhantes?
2. Como posso usar esta provação como oportunidade para me tornar mais semelhante a Cristo?
3. O que este acontecimento pode me ensinar sobre a soberania de Deus na minha vida?
O fato é que a Bíblia contém muitas verdades sobre a questão do passado, mas é imperativo dividirmos nosso passado em categorias bíblicas antes de aplicarmos a ele a Verdade.
Como devo falar do meu passado?
Mostramos aqui que o passado de uma pessoa pode ser uma ajuda ou um obstáculo para o seu crescimento cristão. A chave para lidar com o passado biblicamente envolve dois aspectos. Primeiro, o crente deve procurar tirar o melhor proveito possível daquilo que Deus quer usar para ajudá-lo a crescer − no que diz respeito ao passado,  isso inclui as lições aprendidas sobre Deus, sobre si mesmo e os outros, bem como os aspectos de benefício espiritual listados na página anterior. O crente não deve ignorar esta ajuda importante que Deus proporciona para o processo de santificação.
Segundo, ele deve fazer tudo quanto estiver ao seu alcance para romper todos aqueles laços do passado que impedem a santificação. Isso inclui os pecados não confessados, as restituições deixadas para trás, a amargura e o descuido no aprendizado das lições que Deus quer ensinar a partir das circunstâncias tanto do passado em que fomos culpados como do passado em que sofremos quando inocentes.

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