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sábado, 31 de outubro de 2015

Preterismo, Levantando a questão: A posição textual (futurista, bíblica)

Preterismo



                                                                     por Tomas Ice


Há algum tempo ministrei um curso sobre Escatologia (profecia bíblica) no Chafer Theological Seminary (Seminário Teológico Chafer, na cidade de Orange, California/EUA). Como o preterista* Ken Gentry mora perto do Seminário Chafer, eu o convidei a vir para falar à classe. Apesar do Seminário Chafer ser uma escola dispensacionalista, achei que seria saudável expor os alunos a uma posição oposta aos nossos pontos de vista, através da visita do Dr. Gentry. O Dr. Gentry foi bastante cortês em vir e nos dar uma apresentação de sua visão preterista do livro de Apocalipse.




Levantando a questão

Durante um tempo de perguntas, indaguei-lhe sobre a relação entre Zacarias 12-14 e o preterismo. Primeiro lhe perguntei se, como preterista, ele acreditava que Zacarias 12-14 era uma passagem paralela ao “Sermão Profético” de Jesus (Mt 24-25; Mc 13; Lc 21.5-36). Ele disse que concordava. Observei, então,  que Zacarias fala de ”todos os povos” (Zc 12.2), ”e juntar-se-á contra ela (Jerusalém) todo o povo da terra” (Zc 12.3), e ”eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém” (Zc 14.2). Argumentei que esses versículos não pareciam estar falando dos romanos em 70 d.C. Mais adiante, Zacarias continua dizendo: ”Naquele dia o Senhor protegerá os habitantes de Jerusalém” (Zc 12.8) e: ”Então sairá o Senhor e pelejará contra as nações, como pelejou no dia da batalha” (Zc 14.3). Concluí que tudo isso não se encaixa com o que aconteceu a Jerusalém em 70 d.C., quando os romanos conquistaram Israel. Finalmente, a passagem diz que o Senhor salvará Israel naquele dia (Zc 14.3), ao passo que, em 70 d.C., o Senhor julgou Israel como está escrito em Lucas 21.20-24. Perguntei ao Dr. Gentry: “Como os preteristas podem dizer que Zacarias fala de 70 d.C. se, nessa passagem, o Senhor está salvando o Seu povo?”


Posição preterista

É importante lembrar que o Dr. Gentry é um dos mais importantes preteristas do planeta. Sua resposta, em resumo, foi dizer que a Igreja havia substituído Israel. Isso é parecido com o que o falecido David Chilton disse em seu comentário preterista sobre o Apocalipse:



Outra passagem paralela a essa é Zacarias 12, que retrata Jerusalém como um cálice de tontear para todos os povos (Zc 12.2; cf. Ap 14.8-9), um braseiro ardente que consumirá os pagãos (Zc 12.6; Ap 15.2). A ironia é que no Apocalipse, como temos visto repetidamente, o próprio Israel do primeiro século tomou o lugar das nações pagãs nas profecias, sendo consumido no braseiro ardente – o Lago de Fogo – enquanto a Igreja, tendo passado pelo holocausto, herda a salvação.[1]


Interpretando o texto

Falei ao Dr. Gentry que sua resposta não passava de “divagação teológica”. Ele havia chegado a uma mera conclusão teológica sobre o assunto, mas tinha falhado em dar uma interpretação textual. Perguntei-lhe objetivamente: “O senhor pode dar uma interpretação textual dessa passagem em Zacarias?” Ele respondeu: “Não”.



Os preteristas não conseguem dar uma interpretação textual de Zacarias 12-14 porque acreditam que a passagem se refere ao julgamento de Deus sobre Israel através dos romanos em 70 d.C. – o que é seu primeiro erro. Greg Beale diz: “Zacarias 12 não profetiza o julgamento de Israel e, sim, a sua redenção”.[2] Zacarias 12-14 fala claramente de um tempo quando Israel será salvo pelo Senhor de um ataque de ”todas as nações da terra”, não somente dos romanos – e esse é o segundo erro. Nesse contexto, evidentemente, “Israel” tem de ser uma referência a Israel (e não à Igreja). Como essa é a verdade, o evento de Zacarias 12-14 ainda não aconteceu na História. Isso significa que se trata de um evento futuro. O Dr. Beale faz um comentário sobre Daniel que se aplica também a Zacarias:



O ônus da prova recai sobre os preteristas, para que forneçam um raciocínio exegético, tanto no que diz respeito a trocarem uma nação pagã por Israel como objeto principal do julgamento final de Daniel, como por limitarem o julgamento final principalmente a Israel e não o aplicarem universalmente.[3]


A posição textual (futurista, bíblica)

Tanto os preteristas quanto os futuristas (como eu) acreditam que em Lucas 21.20-24 Jesus profetizou a destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C. Usando Lucas 21.20-24 como base, observe os contrastes entre essa passagem e Zacarias 12-14, conforme observado por Randall Price:

Contrastes entre Lucas 21.20-24 e Zacarias 12-14


Lucas 21.20-24:


Cumprimento passado: ”e para todas as nações serão levados cativos”(Lc 21.24).

Dia da devastação de Jerusalém (Lc 21.20).

Dia de vingança contra Jerusalém (Lc 21.22).

Dia de ira contra o povo judeu (Lc 21.23).

Jerusalém pisada por gentios (Lc 21.24).

Tempo de domínio dos gentios sobre Jerusalém (Lc 21.24).

Grande aflição na terra (Lc 21.23).

Israel cairá a fio da espada (Lc 21.24).

Jerusalém destruída (70 d.C.) ”para se cumpram [no futuro] todas as coisas que estão escritas” [em relação ao povo judeu] (Lc 21.22).

A desolação de Jerusalém tem um limite de tempo: ”até que os tempos dos gentios se completem”
 (Lc 21.24).Isso significa que haverá um tempo de restauração para Jerusalém.

O Messias virá com poder e grande glória para ser visto pelo povo judeu somente depois ”destas coisas” â€“ os eventos de Lucas 21.25-28 – que são posteriores [futuros] aos acontecimentos de Lucas 21.20-24.
Zacarias 12-14:

Cumprimento escatológico – ”naquele dia” (Zc 12.3,4,6,8,11; 13.1-12; 14.1,4,6-9).

Dia de livramento para Jerusalém (Zc 12.7-8).

Dia de vitória para Jerusalém (Zc 12.4-6).

Dia de ira contra as nações gentias (Zc 12.9; 14.3,12).

Jerusalém transformada por Deus (Zc 14.4-10).

Tempo de submissão dos gentios em Jerusalém (Zc 14.16-19).

Grande libertação para a terra (Zc 13.2).

As nações trarão suas riquezas para Jerusalém (Zc 14.14).

Jerusalém salva e redimida, para que tudo que está escrito [em relação ao povo judeu] possa se cumprir (Zc 13.1-9; Rm 11.25-27).

O ataque a Jerusalém é a ocasião para a destruição final dos inimigos de Israel, encerrando, assim, ”o tempo dos gentios”
 (Zc 14.2-3,11).

O Messias virá em grande poder e glória durante os eventos da batalha (Zc 14.4-5).[4]

Em razão das diferenças apontadas entre as passagens, é impossível harmonizar Zacarias 12-14 com eventos que já aconteceram. Trata-se de uma tentativa que agride a lógica. Mas algumas das maiores sumidades do preterismo continuam insistindo nesse absurdo.



Israel e as nações

O preterista Gary DeMar recentemente tentou uma interpretação de Zacarias 14.[5] Como era de se esperar, ele disse que Zacarias 14 “descreve eventos que antecedem a devastação e, inclusive, a própria destruição de Jerusalém em 70 d.C.”[6] DeMar não consegue mostrar a destruição de Jerusalém no texto de Zacarias. Ele interpretou a passagem de uma forma que eu chamaria de abordagem temática. Ele “pulou” e “dançou” em torno da passagem, desnudando-a do seu contexto. Pior ainda, ele a reembalou num falso contexto. Analisando apenas Zacarias 14, DeMar falha em oferecer qualquer evidência de que Deus está submetendo Israel ao juízo, como é claramente perceptível em Lucas 21.20-24. Na verdade, Deus está julgando as nações, pois o texto diz: ”E acontecerá naquele dia, que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém” (Zc 12.9), e: ”Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém... E o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações” (Zc 14.2-3). Ao contrário do que diz DeMar, Deus está defendendo (Zc 12.8) e salvando (Zc 14.3) Israel dessas nações. Exatamente como em Mateus 24, em nenhum lugar o texto fala do Senhor vindo em julgamento contra o Seu povo. Tanto Zacarias quanto Mateus estão falando da salvação de Israel (Mt 24.31), e é por isso que o cumprimento das profecias de ambas as passagens será no futuro.


Conclusão

A única maneira que os preteristas encontram para lidar com Zacarias 12-14 é não considerar as palavras e frases no seu contexto literário, mas simplesmente declarar – como fizeram Chilton e Gentry – que a Igreja substituiu Israel. O texto das Escrituras deve ser a base sobre a qual desenvolvemos a sã teologia. Ao invés disso, os preteristas impõem suas crenças teológicas falsas sobre a Palavra infalível de Deus. Walt Kaiser é muito feliz ao fazer o seguinte comentário sobre o texto de Zacarias:



Em nenhum outro capítulo da Bíblia a interpretação de “Israel” é mais importante do que em Zacarias 14. Dizer que “Israel” significa a “Igreja”, como muitos têm feito, levaria a uma grande confusão nesse capítulo e no final do capítulo 13. Por exemplo, Zacarias 13.8-9 afirma que dois terços de toda a terra (Israel) morrerão, mas poucos se arriscam a dizer que dois terços da Igreja sofrerão um massacre no dia final. É muito claro que “Israel” se refere à unidade geopolítica atualmente conhecida como o Estado de Israel.[7]



A Palavra de Deus exorta Sua Igreja a viver na expectativa de um futuro seguro e na certeza da vitória. Mantendo essa perspectiva, os crentes podem viver confiantes no presente por causa do futuro. O passado é igualmente importante. No entanto, uma falsa visão do passado roubará do crente, no presente, a esperança de que precisamos para viver corajosamente para o nosso Senhor. Maranata! (Thomas Ice -http://www.beth-shalom.com.br)





Notas:

David Chilton, The Days of Vengeance: An Exposition of the Book of Revelation (Fort Worth: Dominion Press, 1987), pp. 385-86.

G.K. Beale, The Book of Revelation: A Commentary on the Greek Text (Grand Rapids: Eerdmans, 1999), p. 26.
Beale, Revelation, p. 45.

Randall Price, Charting the Future (San Marcos, Tex.: gráficos com publicação privada), n.p.
Gary DeMar, Last Days Madness: Obsession of the Modern Church (Atlanta, American Vision: 4th edition, 1999), pp. 437-43.
DeMar, Madness, p. 437
Walter C. Kaiser, The Communicator’s Commentary: Micah-Malachi (Dallas: Word, 1992), p. 417.
* Os preteristas ensinam que a maior parte, ou até mesmo todas as profecias já se cumpriram. Eles dizem que as principais porções proféticas das Escrituras (como o Sermão Profético e o livro de Apocalipse) se cumpriram nos eventos relacionados à destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d. C.

Publicado anteriormente na revista Notícias de Israel, Fevereiro de 2002.

 

Fonte: http://www.beth-shalom.com.br/artigos/preterismo.html



[Todos as referências bíblicas foram trocadas para Almeida Corrigida Fiel - SBTB]

enviado por João Eduardo



Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus).

DERRUBANDO O PRETERISMO

DERRUBANDO O PRETERISMO 


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O primeiro assunto controvertido dentro da comunidade cristã diz respeito logo à própria tribulação em si. Não adianta nada debater sobre “arrebatamento” ou sobre “milênio” se não entendermos que o Apocalipse é uma visão do fim dos tempos, das coisas que em breve hão de acontecer. Acontece que alguns teólogos (principalmente no meio católico) defendem a tese de que a Tribulação Apocalíptica diz respeito à destruição do Templo e a Queda de Jerusalém em 70 d.C, e não a algo que ainda está para acontecer no mundo.

Os que defendem essa tese dividem o livro em duas partes: A primeira parte, do capítulo 1 ao 19, narra a tribulação que assolaria Jerusalém naqueles dias, e a segunda parte (cap.21 e 22) é uma referência ao juízo final, segunda vinda, arrebatamento, ressurreição e estado eterno. O período que se interpõe a destruição de Jerusalém (70 d.C) e a segunda vinda de Cristo é o que o apóstolo João chama de “milênio”.

Noutras palavras, a Tribulação  aconteceu, o milênio já está em andamento e tudo o que ainda está para acontecer refere-se tão somente a segunda vinda de Cristo com distinção entre salvos e perdidos e consequente ressurreição dos mortos/arrebatamento. Essa posição é difícil de ser sustentada por inúmeros motivos que contrariam diretamente ela. Primeiramente, essa posição baseia-se em um único versículo tirado de seu devido contexto:

"Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam" (Mt.24:34)

Fazendo uso deste versículo, pregam eles que a tribulação apocalíptica em que Jesus trata no cap.24 de Mateus diz respeito a um acontecimento que sobreviria apenas aquela geração atual e não passaria dela. De fato, parece ser isso mesmo o que esta passagem parece dizer. Mas aqui é que reside o primeiro problema: doutrinas bíblicas importantes como essa não pode ser fundamentada sobre um único versículo!

Como veremos mais adiante, existe uma lavada de provas e evidências textuais e históricas que destroem por completo com essa tese. Isso acontece porque sempre que uma importante doutrina bíblica é sustentada por uma ou poucas passagens, nunca consegue se consolidar quando comparamos com as outras, e acaba sendo facilmente destronada. Essa passagem é um ótimo exemplo disso.

Primeiramente, para entendermos se Jesus estava falando da destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C ou a um acontecimento mundial que abalaria ao mundo nos últimos dias, temos que analisar TODO o contexto ao invés de isolarmos determinada passagem ao nosso bel-prazer. E, para isso, contamos com grande ajuda, uma vez sendo que o contexto de Mateus 24 também encontra eco nos evangelho de Lucas (cap.21) e no de Marcos (cap.13).

Podemos analisar todas as evidências antes de tirarmos uma decisão precipitada. Primeiramente analisaremos o devido contexto de Mateus cap.24, e, em seguida, elucidarmos a passagem referida do verso 34. Também mostraremos várias outras evidências em outras passagens bíblicas (e no próprio Apocalipse) de que a Grande Tribulação não corresponde a algo passado que atingiu apenas determinada região ou local, mas sim a um fenômeno mundial, a maior guerra de todos os tempos que o mundo já pôde presentear. Vamos, portanto, ao contexto daquela passagem:

“E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações” (Mc.13:10)

Podemos perceber, na narrativa paralela do evangelho de Marcos, que Jesus afirma logo ainda no verso 10, que o evangelho seria pregado em todas as nações. Ora, isso era impossível em 70 d.C. O evangelho não havia sido anunciado para todas as nações; na verdade, não havia chegado nem perto disso! Ainda hoje, dados atuais nos revelam que existem bilhões de pessoas que ainda nunca ouviram falar de Jesus. E ele é bem claro, dizendo dentro do contexto em que se refere à tribulação (vs.7 – 19) que ela não aconteceria senão depois que o evangelho fosse pregado no mundo todo.

Como isso claramente não aconteceu em 70 d.C (ainda naquela geração), então a referência de Jesus devia-se dar a algo futuro, relacionado ao fim dos tempos, quando o evangelho de Deus fosse, finalmente, pregado no mundo todo. A tribulação não pode acontecer antes disso, precisamente porque Jesus disse que “antes... [da tribulação – v.7-19] é necessário que o evangelho seja pregado a TODAS as nações” (v.10). Isso, por si só, liquida com a possibilidade da tribulação se dar antes disso. Ademais, temos mais inúmeras provas e referências nos três evangelhos que não nos deixam possibilidades de que a tribulação já tenha acontecido no primeiro século. Por exemplo, o que Cristo afirma no verso 21 é de extrema importância:

“Porque haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá” (Mt.24:21)

Aqui vemos novamente Cristo referindo-se a “grande tribulação” (v.21), e que ela seria um fenômeno extremamente único e maior em grandiosidade em relação a qualquer outra guerra, tanto antes como depois dela. Ela seria tão grande como “nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá”. Guarde esse final! Essa guerra não apenas seria a maior que a História já presenteou, como também não haveria nenhuma maior que ela em todo o futuro! Agora basta usar o raciocínio:

Ora, a 1 e 2 Guerras Mundiais mataram mais gente, destruíram mais coisas, causaram maior repercussão, foram muito mais devastadoras, alcançaram mais localidades, foram mais violentas, causaram maior numero de feridos, etc, etc, etc. Se a referencia ali era mesmo a destruição de Jerusalém em 70 d.C então além de tudo Cristo é "falso profeta" por atribuir um caráter muitíssimo MAIOR a guerra do que ela realmente foi em relação as outras que viriam depois dela. É óbvio que a referência ali era a uma grande tribulação futura que está para abalar toda a terra. O evangelista Lucas também nos deixa claro que a "GUERRA" ali retratada dizia respeito a um FENOMENO MUNDIAL e não a algo delimitado a determinada região ou localidade apenas:

"...Porque ele virá sobre todos os que vivem na face de toda a terra" (Lc.21:35)
Isso também liquida com as chances da tribulação limitar-se apenas a região de Jerusalém na guerra contra os romanos. Existiram nações que nem ao menos participaram daquela guerra, e isso é História, e não conversa afiada! Contudo, a tribulação relatada por Jesus em Mt.24 (com eco em Lc.21 e em Mc.13) dizia respeito a uma guerra que viria sobre todos os que vivem na face de TODA a terra. Isso não seria dito por ele caso tivesse a ideia de que a dimensão da batalha ali referida era só para os judeus em 70 d.C e para ninguém mais. Ao contrário, tal fenômeno seria algo mundial, sobre todos os que vivem sobre a face de toda a terra! Fato semelhante também é narrado por Lucas:

“Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados” (Lc.21:26)

Veja que Jesus não limita o acontecimento APENAS a região da Judéia (embora ela obviamente não estivesse isenta da tribulação que atingiria o mundo), mas deixa claro que sobreviria ao mundo todo! Como sabemos historicamente, a guerra entre os judeus e os romanos que se deu naquela geração não sobreviu a todo o mundo, mas apenas aquela determinada região. Os homens que desmairiam de terror ao ver a guerra não ficariam pasmados com aquilo queapenas Jerusalém estava sofrendo, ao contrário, ficariam apreensivos com o que estaria sobrevindo ao mundo! O mundo todo seria abalado! Finalmente, a prova mais forte de todo o contexto se encontra nos evangelhos de Mateus e de Marcos:

Imediatamente após a tribulação daqueles dias o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes celestes serão abalados” (Mt.24:29)

Veja aqui que o sol escureceria e a lua não mais daria luz, e as estrelas cairiam do céu, etc, IMEDIATAMENTE após a tribulação daqueles dias. Ou seja, não existe um enorme período de milhares de anos entre essa tribulação (se fosse em 70 d.C) e esses acontecimentos; ao contrário, tratavam-se de acontecimentos iminentes.

Jesus não diria tudo isso que se daria “IMEDIATAMENTE APÓS A TRIBULAÇÃO” se acreditasse que demoraria mais dois milênios para tais fatos se concretizarem! Isso liquida com toda e qualquer possibilidade de jogar a tribulação para dois mil anos atrás, pois imediatamente após a destruição de Jerusalém em 70 d.C não houve estrelas caindo do céu, e nem o sol escurecendo ou a lua não dando a luz. O evangelista Mateus é ainda mais preciso em afirmar que isso se darianaqueles mesmos dias:

“Mas naqueles dias, após aquela tribulação, o sol escurecerá e a lua não dará a sua luz” (Mc.13:30)

O verso seguinte de Mateus também confirma que imediatamente a tribulação daqueles dias se daria a volta do próprio Jesus:

Imediatamente após a tribulação daqueles dias o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes celestes serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória” (Mt.24:39).

Perceba que o evangelista Mateus afirma que não apenas aqueles fenômenos todos (que não aconteceram em 70 d.C) se dariam naquele tempo imediatamente após a tribulação, como também afirma que se daria a própria volta de Jesus! A palavra “então” denota um tempo: naquele momento, naquele instante. Seria logo imediatamente a tribulação apocalíptica que se daria a volta do Nosso Senhor. Como isso não aconteceu nem sonhando em 70 d.C, então isso ainda está para acontecer. A tribulação apocalíptica e a segunda vinda de Cristo não são acontecimentos separados por milhares de anos, ao contrário, são fatos iminentes que se darão um imediatamente após o outro. É imediatamente após a tribulação que Jesus irá voltar! Outros detalhes no próprio livro de Apocalipse nos mostram que a Tribulação Apocalíptica diz respeito a algo muito MAIOR do que o que sucedeu em 70 d.C:

Apocalipse 1618 Houve, então, relâmpagos, vozes, trovões e um forte terremoto. Nunca havia ocorrido um terremoto tão forte como esse desde que o homem existe sobre a terra.
É óbvio que esse terremoto que seria o maior de toda a história da humanidade não aconteceu em 70 d.C e nem existem registros históricos dele. Caso ele de fato tenha existido a tal ponto de ser o maior de toda a História, então certamente muitas pessoas e historiadores da época iriam descrevê-lo exaustivamente!

Apocalipse 6
14 O céu foi se recolhendo como se enrola um pergaminho, todas as montanhas e ilhas foram removidas de seus lugares.

Perceba aqui dois fatos igualmente importantes: (1) não eram apenas as monstanhas da Judéia que seriam afetadas na Tribulação, mas sim “todas” (v.14); e (2) tal fato não aconteceu em 70 d.C.

Apocalipse 6
15 Então os reis da terra, os príncipes, os generais, os ricos, os poderosos — todos os homens, quer escravos, quer livres, esconderam-se em cavernas e entre as rochas das montanhas.

Note que não eram apenas os poderosos da região da Judéia que seriam abalados pela tribulação. Ao contrário, como já vimos que ela terá proporções mundiais, seriam os “reis da terra” (não apenas os “reis da Judéia”), relacionado atodos os homens” (v.15) que teriam que enfrentar a tribulação. Isso é um nítido e claro contraste gritante com a realidade da guerra entre Jerusalém e Roma de 70 d.C. A tribulação apocalíptica atingiria a toda a humanidade e não apenas a determinada região ou localidade:

Apocalipse 9
20 O restante da humanidade que não morreu por essas pragas, nem assim se arrependeu das obras das suas mãos; eles não pararam de adorar os demônios e os ídolos de ouro, prata, bronze, pedra e madeira, ídolos que não podem ver nem ouvir nem andar.

Em momento nenhum é referido que seria apenas os judeus os atingidos pela tribulação apocalíptica que sobreviria toda a terra. Faço questão de novamente ressaltar: Os judeus também não estão isentos da tribulação, mas eles não serão osúnicos a terem que enfrentá-la. O restante de toda a humanidade que “não se arrependeu” (v.20), e não apenas os judeus ou os romanos!

Apocalipse 16
19 A grande cidade foi fracionada em três partes, e as cidades das nações se desmoronaram. Deus lembrou-se da grande Babilônia e lhe deu o cálice do vinho do furor da sua ira.

Como consequência do “terremoto” (v.18), a “grande cidade” foi fracionada em três partes (v.19). Isso evidentemente não passou nem perto de acontecer em 70 d.C!

Apocalipse 16
20 Todas as ilhas fugiram, e as montanhas desapareceram.

Novamente vemos o teor global da tribulação junto com fatos que não aconteceram em 70 d.C. Vemos, portanto, que é lastimável ver que ainda existam pessoas que ainda insistem em defender que a grande maior parte do Apocalipse é algo passado que nós não devemos mais nos preocupar. Todas as evidências de Mateus 24, Marcos 13, Lucas 21 e, por fim, do próprio Apocalipse, nos mostram que a Tribulação é um acontecimento mundial, não delimitado a determinada região ou local do mundo, em uma guerra tão grande como o mundo jamais presenteou ou poderia presentear, com certos fatos que claramente não aconteceram na destruição do templo pelos romanos no primeiro século.

Ademais, vimos também que certos fenômenos sucederiam imediatamente a tribulação (que também não ocorreram em 70 d.C), conjuntando, finalmente, na própria segunda vinda de Cristo que não voltou “imediatamente a tribulação daqueles dias”! Como, então, conciliar tantas evidências irrefutáveis com uma única passagem tirada completamente de seu devido contexto para fundamentar uma doutrina antibíblica? Como concliar com todas as evidências apresentadas até aqui? Isso é muito, muito simples. A palavra utilizada por Cristo em Mt.24 no verso 34 (que vem depois da citação de todas aquelas outras coisas) é a palavra grega "genea", que significa:

Strong’s Concordance
idade, tempo de geração, nação.

Sentido claro do verso: aquela nação judaica não passaria até que todas as coisas se cumprissem. E - realmente -, não passou mesmo! Muitas vezes determinadas palavras do original grego podem ser traduzidas em seu sentido secundáriosem ferir o sentido da frase de quem foi dito. Seria uma adulteração apenas em caso que a palavra não tivesse nenhuma tradução viável ou que o sentido prático da frase fosse um completo disparate ao que a palavra realmente pode ser traduzida, o que não é o caso de Mt.24:34 precisamente porque “nação” é uma tradução possível e viável para a palavra “genea”.

Evidentemente a maioria das versões vernáculas a nossa disposição preferiu traduzir por “geração” para não causar confusão depois com os vários sentidos da palavra. Mas, quando determinada passagem tem sentidos diferentes que podem ser perfeitamente traduzidos, o correto a se fazer é sempre analisar o devido contexto textual a fim de descobrir em que sentido a palavra foi empregada.

Neste caso, o cumprimento da promessa de Cristo só teria validade em caso que fosse a “nação” – e não a “geração” – que subsistisse até a tribulação dos últimos dias. Outra prova muito forte disso é o próprio contexto em que, antes da menção de que TODAS aquelas coisas se cumpriram naquela “genea”, existe a menção de várias coisas que NÃO se cumpriram naquela geração:

"Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias" (Mt.24:27,28)

Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.

“Logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas" (Mt.24:29)

Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.

“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mt.24:30)
Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.

“E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mt.24:31)
Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.

Agora analisando o v.34 que vem DEPOIS da menção dessas coisas:

"Em verdade vos digo que não passará esta geração(?) sem que TODAS estas coisas aconteçam" (Mt.24:34)

Sentido claro do verso:

"Em verdade vos digo que não passará esta nação sem que todas estas coisas aconteçam"

Assim vemos também que o único meio pelo qual Jesus não proferiu uma “profetada”, mas sim uma realidade, é admitirmos que ele acertou que aquela nação não iria desparecer até quando viria aqueles tempos de tribulação e juízo que sobreviria sobre todos os que habitam na face de toda a terra. Sobre este mesmo assunto, o apologista evangélico e norte-americano Norman Geisler, comenta em seu “Manual Popular de Dúvidas, enigmas e ‘Contradições da Bíblia’”:

“Primeiro, ‘geração’ em grego (genea) pode significar ‘raça’. Nessa situação específica, a afirmação de Jesus poderia significar que a raça judia não passaria até que todas as coisas se cumprissem. Por haver muitas promessas a Israel, inclusive a da herança eterna da terra da Palestina (Gn 12; 14-15; 17) e do reino Davídico (2 Sm 7), Jesus poderia estar se referindo à preservação da nação de Israel por Deus, de forma a cumprir com as promessas feitas a Israel”

E ele continua:

“Segundo, ‘geração’ poderia referir-se também a uma geração em seu sentido usual, de pessoas vivendo no tempo indicado. Nesse caso, a palavra se referiria às pessoas que estarão vivas quando essas coisas acontecerem no futuro. Em outras palavras, a geração que estiver viva quando essas coisas começarem a acontecer (o abominável da desolação [v. 15], a grande tributação, tal como nunca houve antes [v. 21], osinal do Filho do Homem no céu [v. 30] etc.) permanecerá viva até quando esses juízos se completarem. Portanto, já que comumente se crê que, no fim dos tempos, a tribulação terá a duração de sete anos (Dn 9:27; cf. Ap 11:2), Jesus estaria dizendo que ‘esta geração’ que estiver vivendo a tribulação ainda estará viva no seu final”

Portanto, toda e qualquer pretensão de jogar a tribulação para o primeiro século d.C cai por terra diante de uma simples lógica e coerência textual. A Bíblia é muito clara em afirmar sobre quando que o anticristo será morto, e não é em 70 d.C, mas somente na segunda vinda do Nosso Senhor:

“O qual o Senhor Jesus o matará com o sopro da sua boca e o destruirá pela manifestação da sua vinda (2Tm.2:8)

Aqui nós vemos que esse iníquo (anticristo) só irá aparecer para ser morto pelo Senhor na “Sua Vinda”. O apóstolo (Paulo) faz questão de ressaltar o fato de que o iníquo só será morto na manifestação da vinda do Senhor Jesus e não em 70 d.C ou a algo que já passou em um Apocalipse “velho e ultrapassado”! O anticristo só irá se levantar e se manifestar no final dos tempos, na tribulação apocalíptica, e é somente neste momento em que ele será morto, pela segunda vinda de Cristo.

Isso tudo seria inaceitável em caso que o anticristo fosse alguém do primeiro século, pois já teria sido morto há vinte séculos atrás muitíssimo antes da volta de Jesus! A Bíblia, desta maneira, seria mentirosa e contraditória. Finalmente, a posição de que a tribulação apocalíptica já aconteceu também se defronta com dificuldades insuperáveis, a se supor pelo próprio período do milênio que viria em seguida.

Se o milênio é o período entre a tribulação de 70 d.C e a segunda vinda de Cristo (como pregam os que defendem essa tese), então segue-se logicamente que nós já estamos no milênio. Isso aparentemente não apresentaria dificuldade nenhuma por si só, se não fosse o “pequeno detalhe” de que Satanás estaria PRESO, e não solto, por este período:

“Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo” (Ap.20:2,3)

E é óbvio que Satanás não está preso ainda, como também atesta a própria Escritura:

“Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pe.5:8)

Sendo assim, é inócuo crer que o milênio já esteja em atividade no presente momento. Se o milênio já está em andamento (como sendo o período entre a destruição do templo e a volta de Jesus), então segue-se logicamente que Satanás já estaria preso, o que obviamente contraria a Bíblia. Se, contudo, o milênio ainda está para acontecer, então Satanás não está preso ainda, como de fato ele não está!

Por tudo isso e inúmeras outras razões, pelas quais poderia passar o dia todo escrevendo, é um erro muito grande deixar se levar por “doutrinas estranhas” (Hb.13:9) que afirmam que a grande maior parte do Apocalipse já passou e não existe mais tribulação nenhuma pela frente. O povo de Deus precisa conhecer mais das Escrituras e estar acordado e vigilando, a fim de que estejamos preparados para o que “há de sobrevir sobre a face de toda a terra” (Lc.21:35).

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino.

domingo, 25 de outubro de 2015

A Explicação de Paulo Sobre o Arrebatamento Contradiz Explicitamente o Preterismo Completo

A Explicação de Paulo Sobre o Arrebatamento Contradiz Explicitamente o Preterismo Completo


O apóstolo Paulo sabia do terrível futuro que aguardava todos aqueles que morreram sem Cristo, que suas almas seriam imediatamente lançadas no inferno (Lc .16:23). Além disso, eles sofrerão angústias ainda maiores depois que seus corpos forem ressuscitados, pois serão julgados por Cristo (Ap 20:12;. Mt 25:31-46) e, em seguida, corpo e alma serão lançados para dentro do lago de fogo (Ap 20:14-15;. cf Rom,01:18-20; 1 Tes. 01:10, 5:9). O próximo julgamento de Deus só pode produzir angústia, terror e desespero entre aqueles que não acreditam e obedecem ao Salvador”. Portanto Brian Schwertley acertou quando disse que “o fato de que Paulo está discutindo a respeito de crentes que estão mortos fisicamente e enterrados, apresenta dificuldades insuperáveis para os preteristas completos, que tentam espiritualizar essa passagem ou fazê-la se referir a algo que acontece no interior das pessoas que estão vivas. Além disso, não pode se referir a uma transferência das almas dos crentes que estão presos no Hades para estarem com Jesus no céu porque a Escritura inequivocamente ensina que as almas dos crentes vão para ficar com nosso Senhor no momento em que morrem. Veremos que apenas uma real, literal, ressurreição corporal dos crentes falecidos faz justiça a essa passagem”. 13 A partir do versículo 14, Paulo diz: “Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem”. Observe, para o apóstolo Paulo, toda a discussão a respeito da salvação e ressurreição dos santos tem como ponto de partida a morte e ressurreição de Cristo. A morte e ressurreição corporal de Cristo que foram eventos literais são o ponto de partida. Note, que Jesus trará “em sua companhia, os que dormem”. Sendo assim, os que morreram antes da segunda vinda de Cristo já estão com Cristo, mesmo antes da ressurreição corporal. A morte e a ressurreição de Cristo é a garantia da ressurreição futura de todos nós que estamos em Cristo. Preste atenção que “Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia” ao invés de simplesmente dizer “Deus vai levantá-los”. O preterista completo que tenta espiritualizar essa passagem de Tessalonicenses ao dizer que a ressurreição é espiritual, na verdade ignora o contexto mais amplo da Escritura sobre os efeitos do trabalho de Jesus nos eleitos. A união que temos com Cristo em Sua morte e ressurreição é o fundamento da nossa regeneração e santificação (Ef 2:5-6, Colossenses 2:13- 14; Rom. 6:3-11), bem como a ressurreição de nossos corpos físicos (1 Ts 4:14, Rm. 8:11, 1 Coríntios. 15:20-23). “Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem”. (versículo 15 – o grifo é meu) Este versículo é usado pelos preteristas completos para afirmar que Paulo cria que o arrebatamento e a ressurreição espiritual aconteceriam em seus dias ou nos dias de vida de seus leitores. Amesma interpretação é feita pelos ateus que afirmam que Paulo errou ao pensar que a vinda de Cristo seria em seu tempo de vida. O apóstolo não está de maneira alguma afirmando que a segunda vinda de Cristo seria no seu tempo de vida. Sobre isto, tenho três respostas práticas. A primeira, é a do reformador João Calvino. Ao comentar sobre esse versículo Calvino escreveu: “Quanto, porém, à circunstância de que, falando na primeira pessoa, fazse como que um do número daqueles que estarão vivos no último dia, ele pretende com isto despertar os tessalonicenses para que a esperassem; mais ainda, manter todos os fiéis em suspense, para que não se comprometessem com algum tempo em particular; pois, admitindo que fosse por uma revelação especial que sabia que Cristo viria em um tempo 14 relativamente posterior, contudo era necessário que esta doutrina fosse entregue em comum à Igreja, para que os fiéis estivessem preparados em todos os tempos. Ao mesmo tempo, era necessário cortar assim todo o pretexto de curiosidade de muitos – conforme veremos depois ele fazendo isto em maiores detalhes. Quando, porém, diz nós, os que ficarmos vivos, ele faz uso do tempo presente ao invés do futuro, em harmonia com o 2 idiomatismo hebraico”. Além do uso do idiomatismo hebraico, temos ainda outra questão gramatical. Não podemos nos esquecer sobre a frase “NÓS, OS QUE FICARMOS VIVOS PARA A VINDA DO SENHOR” que a palavra “nós” também pode ser de uso genérico, ou seja, não que nós vamos estar vivos até o dia da volta de Jesus, mas é uma forma de nos colocarmos entre aqueles que poderão estar vivos neste evento. É exatamente isto que Paulo fez. Para citar um exemplo, certa vez vi um cientista dizendo que daqui a trezentos anos nós vamos olhar para trás e achar que o mundo atual é um tanto primitivo. Ao dizer isto, ele estava referindo-se à humanidade, os seres humanos que estarão vivos daqui a trezentos anos. Não que esse cientista creia que viverá tanto tempo, pelo contrário, é o uso genérico da palavra “nós”. Se não for assim, será que Paulo por volta do ano 56 d.C., acreditava que todos os inimigos de Cristo no mundo inteiro iriam ser subjugados em seu próprio tempo de vida quando escreveu 1ª Coríntios 15:25? Este versículo ele escreveu 14 anos antes do ano 70 d.C. Várias passagens da Escritura afirmam que a volta de Jesus seria num futuro distante e desconhecido. Basta ler uma delas em Mateus 25.14-19: “Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu. O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois. Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. (o grifo é meu) 15 Veja também a parábola do grão de mostarda e do fermento em Mateus 13.31-33. Aqui Jesus mostra que o crescimento do Reino é gradual ao longo do tempo até se espalhar em toda a terra. Ou o conhecimento do Senhor cobriu toda a terra como as águas cobrem o mar somente no primeiro século ou até o ano 70 d.C. (confira Isaías 11.9 e o Salmo 72.8)? Será que as nações dos gentios vieram à igreja para aprender sobre a lei de Deus, para que pudessem governar de acordo com a justiça bíblica ( Isaías 2:3-4)? Neste caso os preteristas completos rejeitam completamente o pósmilenismo e como disse Brian Schwertley “redefiniram a vitória do Salvador em termos de um segredo, vitória, indetectável espiritualmente que até mesmo a igreja de Cristo não tinha conhecimento até o século XIX”. Os preteristas completos se encontram em maus lençóis! Seu falho sistema não pode explicar satisfatoriamente algumas coisas descritas na Bíblia. O problema deles começa com a Grande Comissão. Se em Mateus 28.19 “todas as nações” refere-se apenas sobre as nações dentro do Império romano que foram evangelizados antes do ano 70 d.C. (cf. Mateus 24.14) e esta passagem foi cumprida, então a tarefa de missões mundiais foi concluída. Se eles argumentam que Mateus 28.19 ainda não foi cumprido e a segunda e definitiva vinda de Cristo ocorreu no ano 70 d.C., então Jesus não esperou até que todas as suas ovelhas fossem reunidas porque Deus espera que cada pessoa eleita cheguem ao arrependimento. Os preteristas completos também não podem explicar adequadamente o Milênio. Diferente deles os escritores Reformados sempre puderam explicar sobre o Milênio. Para finalizar esta seção, podemos também ainda dizer sobre aquelas palavras de Paulo “NÓS, OS QUE FICARMOS VIVOS PARAAVINDADO SENHOR” que trata-se também de uma forma com que Paulo se colocava entre aqueles que estarão vivos na vinda do Senhor como também se colocava entre os mortos. Veja isto em 1ª Coríntios 15.51. No livro de Atos, o apóstolo Paulo se colocou entre aqueles que morreriam: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho”. (Atos 20.28-29) Em 2ª Timóteo 4.6 diz que: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado”. 16 Descrição de Paulo Sobre a Segunda Vinda “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras”. (1ª Tessalonicenses 4.16-18) Há aqui algumas considerações importantes. Paulo diz que o Senhor “descerá dos céus” na ocasião da Segunda Vinda. Esse encontro com o Senhor acontece nas nuvens do céu, nos ares, ou seja, na atmosfera terrestre. Esta verdade está de acordo com Atos 1.9-11: “Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir”. A Bíblia na linguagem de Hoje diz que Ele “voltará do mesmo modo que vocês o viram subir”. Observe a cena, Jesus sobe literalmente à vista dos discípulos e uma nuvem literal o encobriu dos seus olhos. O anjo ao dizer que Ele voltará do mesmo modo sugere um efeito reverso. Quer dizer que na volta, Ele desce. Outra coisa que não podemos deixar de lado é que os anjos afirmam que os discípulos “viram” Jesus subir. Ao VER o Jesus ressuscitado literalmente subindo, os anjos afirmam que essa cena se repetirá na volta. Ele também será visto descendo. Não estamos falando aqui sobre Apocalipse capítulo 1 em que diz que todo o olho o verá. No caso de Apocalipse o assunto é outro, é a vinda em juízo em que todos aqueles que o traspassaram o “viram” figurativamente na sua volta em juízo contra Israel e Jerusalém no ano 70 d.C. O que vimos em Atos 1.9-11 é a mesma idéia que encontramos em 1ª Tessalonicenses capítulo 4. Só que em Tessalonicenses, o Senhor desce. Então, em resumo, no livro de Atos Jesus sobe corporalmente aos céus à vista dos discípulos. É uma visão literal e não figurativa. O que eles viram, os anjos dão uma outra ênfase ao dizer que Jesus virá do mesmo modo que eles o viram subir. O interessante também é que o anjo não afirma que aqueles discípulos estariam vivos para ver essa volta. Também não se diz quando ela será, se está próxima ou longe, mas apenas se diz que Ele voltará, em algum dia do futuro. 17 Os preteristas completos costumam comparar essa passagem de Atos 1.9- 11 com a de Mateus 24.30 que diz que Jesus virá sobre as nuvens. Dizem eles que há semelhanças porque em Atos também se diz a respeito de uma nuvem. Acontece que em Atos se diz apenas que a nuvem encobriu Jesus dos olhos dos discípulos. Uma vez que nos céus existem muitas nuvens, nada mais seria tão óbvio haver nuvens naquela ocasião. Trata-se apenas de um item da narrativa. No entanto, em Mateus 24 a ênfase está em vir sobre as nuvens, que indica uma vinda em juízo, linguagem esta muito conhecida no Velho Testamento. Em atos a ênfase está na subida, na forma como Cristo subiu e não na questão da nuvem. Essa segunda vinda física e literal de Cristo é apoiada por Atos 5.31-32 onde vemos Pedro dizer que os apóstolos foram testemunhas da exaltação de Cristo. Isto significa que os discípulos viram o Salvador ressuscitado e observou-o subir para a glória com seus próprios olhos. Eles não estavam na sala do trono quando Ele veio diante do Pai (Daniel 7.13-14), mas viram o Senhor ascender até Ele ser encoberto por uma nuvem (Atos 1.9). Nas epístolas também encontramos um ensinamento de uma vinda literal de Cristo. Paulo ensinou em 2ª Tessaloninceses 1.7 que o Senhor se manifestará do céu com os anjos do seu poder. Assim Paulo refere-se a vinda de Jesus como uma revelação ou um momento em que Ele se revela. Também encontramos em 1ª João 2.28; 3.2 ensinamento de que veremos a Cristo quando ele voltar: “Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda”. “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é”. Não me diga que essa vinda é a do primeiro século! Pois se afastar envergonhado na sua vinda acontecerá na ressurreição de justos e injustos. Quem for ressuscitado na ressurreição dos injustos se afastará envergonhado. A palavra traduzida por “manifestou” (NVI, Nova Versão Internacional) é phanerothe que significa literalmente “deve aparecer”. Paulo usa a mesma palavra para descrever a segunda vinda de Cristo em Colossenses 3.4 (ele se manifestar): “Quando Cristo, que é a nossa vida se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória”. Segundo Brian Schwertley “a 18 palavra “manifestou” significa fazer visível. Isso pode significar que algo é revelado ou claro para os sentidos (especialmente vista) ou está claro para o entendimento. Um outro problema do preterismo completo, bem como do dispensacionalismo, e de muitos crentes hoje em dia, é não saber a respeito dos diferentes tipos de vinda de Cristo. Já falei sobre este assunto na Revista Cristã 3 Última Chamada, edição de Setembro de 2012. Veja a seguir um resumo do assunto em questão: Avinda em Teofanias (Gênesis 3:8; Gênesis 17:1) AVinda de Belém, seu nascimento e manifestação (Mateus 2:6; 1ª João 3:5-8). Sua vinda em julgamento contra Israel Aúltima vinda no Fim do Tempo “e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir”. (Atos 1.11; ver também 1ª Tessalonicenses 4.13-17; 1ª Coríntios 15.20-26 - o grifo é meu). Avinda ao Pai - AAscensão “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele”. (Daniel 7:13 - o grifo é meu) Isso ocorreu após a ressurreição e ascensão de Cristo. Avinda através do Espírito Santo “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros”. (João 14:16-18 - o grifo é meu) Isso ocorreu no dia de Pentecostes com a descida do Espírito Santo. 19 Avinda em julgamento contra uma igreja “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”. (Apocalipse 2.5 - o grifo é meu) Avinda em julgamento contra Israel O próprio Jesus bateu muito neste ponto em seu ministério terreno ao dizer que Ele viria em julgamento contra Israel (Mateus 21.40-41, 43-45; Mateus 22.6-7; Mateus 23.33-39). Isto é exatamente o que Ele fez em 70 dC com a destruição de Jerusalém. Nosso ponto nesta seção é que há um juízo que veio contra Israel, que é o que Jesus predisse. Portanto, caso soubessem diferenciar a respeito dos diversos tipos de vinda de Cristo, os preteristas completos saberiam que Jesus não veio somente no ano 70 d.C. em juízo contra Israel. Qualquer pessoa leiga, intelectual, professora de português ou até mesmo um analfabeto funcional conseguirá ver que Atos 1.9-11 fala de uma vinda literal de Cristo. O texto não poderia ser mais claro. Até mesmo o estudioso preterista completo, o estudioso J. Stuart Russell, admitiu que Atos 1.9-11 ensina sobre uma vinda literal de Cristo: “As palavras, no entanto, implica que esta vinda é para ser visível e pessoal, o que excluiria a interpretação que considera como providencial, ou 4 espiritual”. Para finalizar esta seção, veja em Atos 3.21 mais um ensinamento sobre a vinda literal e corporal de Cristo: “...o qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio”. Não me venha dizer que isto referese somente a eventos do primeiro século, pois a própria palavra é clara ao dizer que o Senhor Jesus será contido no céu até a “RESTAURAÇÃO DE TUDO”. Olhe ao seu redor e veja o que precisa ser restaurado no mundo. Tudo o que é mau, tudo o que não havia antes da queda precisa ser restaurado. Ou você preterista completo acha que a morte, doença, pranto, luto e dor fazem parte do plano original de Deus e, portanto, o mundo não precisa de restauração? Na verdade, o preterista completo pensa que a eternidade deste mundo presente (incluindo morte e sofrimento) devem continuar para sempre. 20 Veja suas declarações: “… o mundo, o universo, o reino, a era da Igreja, biblicamente não têm fim… Portanto, eles não têm nenhum último dia, última hora, último minuto, último segundo, ou última alguma coisa na qual podemos colocar uma 5 ressurreição”. “Comparativamente, assim como o pecado não cessou de existir após Jesus lidar com ele, a morte física não foi eliminada por sua derrota final. Jesus nunca quis dizer que os crentes não continuariam a morrer fisicamente. 'E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo' (Hb 9.27). Essa vida física não foi perdida em Adão, 6 portanto, não foi restaurada em Cristo, nem o será”. “Creio que há um longo futuro à nossa frente neste planeta… Milhões ou 7 bilhões de gerações (ou mesmo a eternidade) podem estar por vir”
participariam da Segunda Vinda em si. Esta preocupação está implícita na discussão de Paulo sobre a Vinda. Existe a possibilidade de que alguns dentro da igreja foram influenciados pela literatura apocalíptica judaica, que ensinava que as pessoas que estarão vivas na consumação, seriam levadas para o céu, enquanto que as pessoas que tinham morrido teriam uma existência separada na terra. O fato é, que não podemos de maneira alguma espiritualizar essa passagem negando assim tanto o arrebatamento como a ressurreição corporal dos santos. Os preteristas completos ensinam que a ressurreição foi a libertação dos crentes que estavam presos no reino hadeano, ou seja, segundo eles quem morria antes da morte e ressurreição de Cristo, ia para um lugar chamado Hades ou Seio de Abraão. Como a morte de Cristo ainda não havia sido completada, os crentes iam para esse lugar após a morte. Segundo a crença do preterismo completo, a ressurreição seria a libertação das almas que estavam no Hades. Para que esses ensinamentos se encaixem em seu sistema herético, é necessário que os preteristas completos espiritualizem a passagem de 1ª Tessalonicenses. Mas, como veremos a seguir, a própria passagem mostra que ela não pode ser espiritualizada. Veja o versículo 13 novamente: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança”. Paulo fala aqui da tristeza dos tessalonicenses pelo os que haviam morrido. Estes crentes mortos cujos corpos estavam enterrados nas 1 sepulturas, haviam morrido literalmente. Segundo Brian Schwertley “a expressão “os que dormem” refere-se aos cristãos que morreram fisicamente. “O verbo koimaomai ocorre 18 vezes no Novo Testamento em quatro casos (Mateus 28:13, Lucas 22:45, João 11:12, Atos 12:16). É usado no sentido literal de “estar dormindo”. Mas em todos os outros casos, é usado metaforicamente e eufemisticamente por estar morto”. O apóstolo estava discutindo o que irá acontecer com os crentes que morreram fisicamente e, em seguida, foram colocados em um túmulo ou sepultura. Esta interpretação é apoiada pelo versículo 16, onde Paulo diz que “os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro”. 12 Portanto aqui não trata-se de uma tristeza por quem foi para o Hades. Aliás, Paulo contrasta e diz que os crentes tessalônicos não devem se entristecer “como os demais, que não têm esperança”. Ora, como os demais, ou seja, os pagãos daquela época se entristeciam e por quê? Segundo Brian Schwertley “os gregos pagãos tinham um conceito de morte que não lhes dava nenhuma esperança para o futuro. Eles não acreditavam na felicidade do céu para os remidos e rejeitavam enfaticamente o conceito bíblico da ressurreição de nossos corpos físicos. Eles acreditavam que, quando uma pessoa morria, sua alma saía pela boca ou através de uma ferida aberta. A alma, então, vivia em um submundo sombrio chamado Hades. O reino dos mortos era um lugar de trevas e uma grave descida do reino dos vivos, assim os mortos tinham uma existência muito deprimente. Por isso, os gregos só poderiam se aproximar da morte com medo e pavor.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Disciplina = exortação e admoestação

Disciplina = exortação e admoestação

“Eu repreendo e disciplino a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” (Apocalipse 3.19)
Neste versículo de Apocalipse, nosso Senhor Jesus Cristo revela a nossa necessidade de repreensão e disciplina, e que Ele faz isto porque nos ama, uma vez que sendo pecadores, nossa condição natural é a de estarmos desviados do caminho de Deus – o pecado nos tirou da posição em que deveríamos ser achados – e assim, tendo adquirido o hábito do pecado, necessitamos de correção e disciplina para a formação do novo hábito da santificação, de modo que se afirma que todos os crentes têm sido feitos participantes da disciplina de nosso Pai celestial (Hebreus 12.8).
E, muito desta disciplina e correção é feita por Deus, através da instrumentalidade daqueles que tem chamado para liderar a Sua Igreja.
Há muitas coisas que os cristãos devem obedecer e guardar.
Por isso, depois de ter apontado alguns dos deveres da Igreja no quinto capitulo de I Tessalonicenses, quanto à necessidade de vigilância e santificação, com vistas ao encontro com o Senhor, Paulo lhes exortou que se submetessem aos líderes que o Espírito Santo constituiu sobre eles, para velarem por suas almas, uma vez que Deus lhes tem preparado e suprido com dons e talentos espirituais, para regerem Seu povo, e cuidarem dos interesses do Seu Reino através da Igreja.
Eles devem reger, não com rigor, mas com amor. Eles não devem exercer domínio como senhores temporais; mas reger como guias espirituais, servindo de exemplo para o rebanho. Eles estão em governo sobre os cristãos, não como os magistrados civis, porque são auxiliares de Cristo, e devem reger pelas leis de Cristo, e não pelas próprias leis.
Então, com vistas a facilitar o trabalho destes líderes relativo ao aperfeiçoamento dos cristãos para a obra do ministério, Paulo exortou os tessalonicenses a terem aqueles que presidiam sobre eles, em máxima consideração, isto é, lhes dando a devida honra que devem receber, conforme é da vontade de Deus.
O trabalho dos pastores deve ser reconhecido, porque como está no original grego, a expressão “que trabalham entre vós”; significa trabalhar até à exaustão.
Os que presidem o rebanho, no Senhor, devem trabalhar desta forma, fazendo-o entre os irmãos, na convivência com eles, e não distantes como supervisores seculares.
Muito do trabalho destes líderes consiste em admoestar, isto é, disciplinar o rebanho através de conselhos e repreensões (I Tes 5.12). Como velam pelas almas dos cristãos devem receber grande estima e amor de suas ovelhas, por causa do trabalho que realizam. Este trabalho deve ser feito em paz entre os pastores e as ovelhas (I Tes 5.13).
Grande parte deste trabalho dos pastores consiste em prevenir o rebanho dos muitos perigos espirituais, através da Palavra de Deus.
A exortação citada em I Tes 5.14 visa também a consolar os desanimados, que podem estar recuando na fé por causa das suas perplexidades, diante das tribulações e provações que estejam experimentando; ou que por qualquer outro motivo estejam perdendo o seu fervor por Cristo. Exortar significa incentivar, para que se faça progresso seguindo adiante.
Os que são fracos no corpo de Cristo devem ser amparados, e não repreendidos. Devem ser amparados especialmente por nossas orações, até que aprendam a prevalecer com a própria fé.
O exercício da repreensão dos crentes insubmissos deve ser feito com mansidão, segundo a sã doutrina, ou seja, o motivo de serem repreendidos visa à sua restauração; a um andar ordenado segundo a Palavra de Deus.
Tão importante é o exercício da disciplina na Igreja, que nosso Senhor chegou mesmo a ordenar que fosse considerado como gentio e publicano todo aquele que se dizendo crente e participando da comunhão de determinada congregação local viesse a se tornar endurecido no pecado, negando-se ao arrependimento de forma deliberada.
Desde os dias do Velho Testamento, Deus determinou ao Seu povo o exercício da disciplina, de modo que consideraria culpado todo aquele que deixasse de repreender seu irmão por alguma falta cometida (Levítico 19.17).
O ato de disciplinar e repreender traz glória para o nome do Senhor, porque vindica Sua santidade e justiça, com demonstração de zelo e amor por Ele. Como disciplinar e repreender não são procedimentos agradáveis de serem realizados, e colocam em risco a popularidade de quem a isto se aplica, sendo também algo trabalhoso e desgastante em sua própria natureza, então é uma grande prova de amor para com o Senhor, e de desapego a nós mesmos obedecê-Lo neste particular, cooperando para o aperfeiçoamento espiritual de nossos irmãos em Cristo.
Como já dissemos anteriormente, isto deve ser feito no Espírito, com mansidão, brandura e segundo a sã doutrina, e não propriamente por nossos critérios pessoais, ou por motivo de irritação, ou qualquer outro de natureza diferente.
Lembremos sempre que o alvo da disciplina e repreensão não é o de castigar, porque no passado esta palavra traduzida em determinados textos em nossas bíblias tinha o sentido de instruir, e não o de produzir propriamente dor, humilhação, perda e sofrimento, como é a atual conotação da palavra castigar. O alvo é de conduzir ao arrependimento, e de formar o caráter cristão segundo a Palavra de Deus.
Isto pode ser observado especialmente no livro de Provérbios, onde a mesma palavra hebraica para instrução ou correção foi traduzida como castigo.
Você pode ler alguns versículos bíblicos com as seguintes palavras destacadas do texto original:
1 – paideia (grego) – disciplina, instrução;
2 – elegcho (grego) – repreender, admoestar, reprovar;
3 – yakach (hebraico) – repreender, reprovar;
4 – parakaleo (grego) – exortar, incentivar, estimular, confortar, encorajar;
5 – musar (hebraico) – correção, instrução, disciplina.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

CONFLITO ISRAEL - PALESTINOS.

CONFLITO ISRAEL - PALESTINOS.
 Sendo os judeus um dos povos do mundo que não tinham um Estado próprio, tendo sempre sofrido por isso várias perseguições, foram movidos pelo projeto do sionismo - cujo objetivo era refundar na Palestinaum estado judeu. Entretanto, a Palestina que já era habitada há milênios por judeus, nos últimos séculos foi habitada por uma maioria árabe muitos oriundos da Síria e outtrabalhs vizinhos dentro também do império Turco-otomano em busca de pastoreio e outros trabalhus

História[editar | editar código-fonte]

Fim do Século XIX - 1920: Origens[editar | editar código-fonte]

As tensões entre judeus e árabes começaram a emergir a partir da década de 1890, após a fundação do movimento sionista, e principalmente quando judeus provenientes da Europa começaram a emigrar, formando e aumentando comunidades judaicas na Palestina, quer por compra de terras dos otomanos, quer por compra direta a árabes proprietários de terrenos. No século XIX, quando propagava a ideia da migração em massa para o Oriente Médio, o movimento sionista cunhou um slogan famoso: "a Palestina é uma terra sem povo para um povo sem terra". A ideia não era de que o local estava vazio, mas sim de que os quase 500 mil habitantes do local no meio do século XIX, sendo cerca de 350 mil árabes 80 mil judeus e ainda outros grupos nunca haviam formado um estado soberano naquele território tendo sempre sido terras colonias de grandes impérios. Mas o que deixou os árabes residentes na região da palestina furiosos, foi o fato de que fosse fundado um estado onde a religião não fosse a islâmica.[1] Estabeleceram-se assim comunidades agrícolas nas terras históricas daJudeia e de Israel, que eram então parte do Império Otomano.[2]
Zonas de influência francesa ebritânica estabelecidas pelo Acordo Sykes-Picot
Em 2 de novembro de 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, o Ministro Britânico de Relações Exteriores, Arthur Balfour, emitiu o que ficou conhecido como a Declaração de Balfour, que diz: "O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o Povo Judeu…". A pedido de Edwin Samuel Montagu e de Lord Curzon, uma linha foi inserida na declaração afirmando "que seja claramente entendido que nada será feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas na Palestina, ou os direitos e estatuto político usufruídos pelos judeus em qualquer outro país".[3] A Legião Judaica, um grupo de batalhões compostos sobretudo de voluntários sionistas, havia assistido os britânicos na reconquista da Palestina.[4] A utilização do termo ambíguo "lar nacional" alarmou os árabes e, de forma a aplacá-los, em 7 de novembro de 1918 o Reino Unido assinou com a França a Declaração Anglo-Francesa,[5]declarando como objetivo comum a ambos os países "a libertação final e completa dos povos que há muito vêm sendo oprimidos pelos turcos, e o estabelecimento de governos nacionais e administrações (na SíriaIraque e Palestina) cuja autoridade deriva do livre exercício da iniciativa e escolha por parte das populações indígenas".[6] No entanto, em 1919, num memorando governamental interno, Balfour declarou que não tinha intenção de consultar os habitantes da Palestina sobre as suas aspirações, contrariando assim a Declaração de 1918 e a Declaração de Balfour na sua promessa de não prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas da Palestina.[5] A oposição árabe a este plano levou aos motins de 1920 na Palestina e à formação da organização judaica conhecida como Haganah ("a Defesa", em hebraico), da qual mais tarde se separaram os grupos Irgun e Lehi.[7]
Assinado em janeiro de 1919, o Acordo Faysal-Weizmann promovia a cooperação árabe e judaica para o desenvolvimento de uma Terra de Israel na Palestina e uma nação árabe numa larga parte do Oriente Médio.

1920 - 1948: Mandato Britânico da Palestina[editar | editar código-fonte]

Em 1920, a Conferência de San Remo, suportada em grande medida pelo Acordo Sykes-Picot (acordo anglo-francês de 1916), alocava ao Reino Unido a área que presentemente constitui a Jordânia, a área entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo e o Iraque. A França recebeu a Síria e o Líbano.
Em 1922, a Liga das Nações concedeu ao Reino Unido um mandato na Palestina em condições semelhantes à Declaração Balfour.[8] A população da área neste momento era predominantemente muçulmana, enquanto na maior área urbana da região, Jerusalém, era majoritariamente judaica.[9]
O líder religioso muçulmano Mohammad Amin al-Husayni opôs-se à ideia da independência de parte da região da Palestina noEstado de Israel, objetando a qualquer forma de Terra de Israel. Durante a década de 1920 do Século XX, as tensões aumentaram dando lugar a episódios de violência tais como as revoltas de Nebi Musa (1920) e as revoltas de Jaffa (1921). Para satisfazer os árabes e devido à inabilidade britânica para controlar a violência instalada no Mandato, foi criado, em todos os territórios a leste do rio Jordão, o semi-autônomo Emirado Árabe da Transjordânia (correspondente a cerca de 80% do território do Mandato). Apesar disso, a violência continuou a aumentar durante as décadas de 30 e 40, resultando em perdas de vidas em ambos os lados. Alguns dos fatos mais marcantes nesse período foram o Massacre de Hebron de 1929, as atividades da organização islâmica Mão Preta, a grande revolta árabe (1936-1939), os ataques realizados pelo grupo militanteIrgun, os massacres como o de Ein al Zeitun e o atentado do Hotel Rei Davi em 1946.
A recém-criada Organização das Nações Unidas recomendou a aplicação do Plano de partição da Palestina, aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas através da Resolução 181, de 29 de novembro de 1947, propondo a divisão do país em dois Estados, um árabe e um judeu, baseando-se nas populações até então estabelecidas na região. Assim, os judeus receberam 55% da área, sendo que, deste percentual, 60% era constituída pelo deserto do Neguev. Segundo esta proposta, a cidade de Jerusalém, fundada pelos judeus, teria um estatuto de cidade internacional - um corpus separatum - administrada pelas Nações Unidas para evitar um possível conflito sobre o seu estatuto.[10] A Agência Judaica aceitou o plano nos termos acordados. Em 30 de novembro de 1947, a Alta Comissão Árabe rejeitou o plano, na esperança de que o assunto fosse revisto e uma proposta alternativa apresentada. Nesta altura, a Liga Árabe não considerava ainda uma intervenção armada na Palestina, à qual se opunha a Alta Comissão Árabe.[11]
Em 14 de maio de 1948, um dia antes do fim do Mandato Britânico, a Agência Judaica proclamou a independência, nomeando o país de Israel nos territórios acordados e votados na partilha.

1948 - 1967[editar | editar código-fonte]

Tropas da TransjordâniaEgiptoSíriaLíbano e Iraque atacaram o recém-criado Estado de Israel. Os estados árabes declararam o propósito de proclamar um "Estado Unido da Palestina" em todo o território [12] em detrimento de um estado árabe e de um estado judaico. Eles consideravam que o plano das Nações Unidas era ilegal porque vinha em oposição à vontade da população árabe da Palestina.
As lutas terminaram com a assinatura do Armistício de Rodes, que formalizou o controle israelita das áreas alocadas ao estado de Israeljuntamente com mais de metade da área alocada ao estado árabe. A Faixa de Gaza foi ocupada pelo Egipto e a Cisjordânia foi ocupada pela Transjordânia (que passou a se chamar simplesmente de Jordânia), até junho de 1967, altura em que Israel voltou a conquistar esses territórios durante a Guerra dos Seis Dias.
Cerca de dois terços dos árabes da Palestina fugiram ou foram expulsos dos territórios que ficaram sob controle judaico (68% destes estimulados pelos próprios governos dos países árabes para que os seus exércitos pudessem "arrasar mais facilmente" o novo Estado que surgia) criando uma grande onda de refugiados que se abrigaram para campos nos países vizinhos tais como o Líbano, a Jordânia, a Síria, a Cisjordânia e para a área que mais tarde se tornaria conhecida como a Faixa de Gaza. Aos palestinos que abandonaram ou foram expulsos das áreas ocupadas pelos israelitas não foi permitido o regresso às suas casas. As Nações Unidas estimam que cerca de 711.000[13] árabes tornaram-se refugiados como consequência do conflito. O destino dos refugiados palestinos de hoje é um grande ponto de discórdia no conflito israelo-palestino.[14] [15] Com a não absorção dos árabes palestinos pelos países árabes e a não criação do Estado Palestino, os árabes palestinos se auto-constituíram povo e passaram a exigir o seu retorno a suas antigas casas, apesar de a grande maioria já não ter nascido nas regiões reivindicadas.
Durante as décadas seguintes ao fim da guerra de 1948, entre 700 mil e 900 mil judeus foram igualmente expulsos dos países árabes onde viviam. Em muitos casos isto foi devido a um sentimento anti-judeu, ou devido a expulsão (no caso do Egipto) ou ainda devido a opressões legais (no Iraque). Deste número, cerca de dois terços acabaram por se deslocar para campos de refugiados em Israel, enquanto que os restantes migraram para FrançaEstados Unidos e para outros países ocidentais (incluindo a América Latina).
Durante a década de 1950, Israel foi atacado constantemente por militantes, principalmente a partir da Faixa de Gaza, que estava sob controle egípcio.[16] Em1956, Israel criou uma aliança secreta com o Reino Unido e a França destinada a recapturar o canal do Suez, que os egípcios tinham nacionalizado (ver Guerra do Suez). Apesar da captura da Península do Sinai, Israel foi forçado a recuar devido à pressão dos Estados Unidos e da União Soviética, em troca de garantias de direitos marítimos de Israel no Mar Vermelho e no Canal.[17]
Em 1964 os estados árabes estabeleceram a OLP. O artigo 24º da carta (ou pacto) de fundação da OLP, de 1964 [18] estabelecia: "Esta Organização não exerce qualquer soberania territorial sobre a Cisjordânia, sobre a Faixa de Gaza e sobre a Área de Himmah."
Em 1967 o Egito bloqueia o canal de Suez aos navios israelenses e inicia manobras militares na península do Sinai, ao mesmo tempo que a Jordânia e Síria mobilizavam seus exércitos, na fronteira com Israel. Prevendo um ataque iminente, Israel inicia a guerra preventiva (Guerra dos Seis Dias).

1967 - 1993[editar | editar código-fonte]

Em consequência da guerra, Israel expandiu-se territorialmente, ocupando a Cisjordânia (conquistada da Jordânia), a Faixa de Gaza e a Península do Sinai(conquistadas do Egito) e as Colinas de Golã (conquistados da Síria). A parte da Cidade Antiga de Jerusalém (também chamada Jerusalém Oriental), tomada a 7 de junho por Israel da Jordânia, seria reunificada por Israel com a Cidade Nova, formando um único município sob jurisdição israelita.
O fracasso dos Estados Árabes na guerra de 1967 levou ao surgimento de organizações não-estatais árabes no conflito, sendo a mais importante a Organização de Libertação da Palestina (OLP), que foi concebida sob o lema "a luta armada como única forma de libertar a pátria.".[19] [20] No final da década de 1960 e início da década de 1970, grupos palestinos lançaram uma onda de ataques[21] contra alvos israelenses ao redor do mundo,[22] incluindo um massacre de atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972, em Munique, na Alemanha. Israel reagiu com a Operação Cólera de Deus, no qual os responsáveis pelo massacre de Munique foram encontrados e executados.[23]
Em 1973 começa a Guerra do Yom Kippur. Entre 1977 e 1979Israel e Egito fazem um acordo de paz: Israel retirou-se da Península do Sinai e concordou em iniciar negociações sobre uma possível autonomia para palestinos em toda a Linha Verde, um plano que nunca foi executado. O governo israelense começou a encorajar assentamentos judeus no território da Cisjordânia, criando atritos com os palestinos que viviam nessas áreas.[24]
Em 1978, Israel invade o sul do Líbano (Operação Litani) e chegaram até o rio Litani, com o objetivo de liquidar as bases da Organização de Libertação da Palestina no país, já que a guerrilha palestina costumava contra-atacar o norte de Israel. A invasão foi um sucesso militar, já que as forças da OLP foram empurrados para norte do rio. No entanto, o clamor internacional levou à criação das forças de paz FINUL e de uma retratação parcial israelita.
Em 1982, Israel invade o Líbano, em uma tentativa de remover os militantes do Fatah, liderados por Yasser Arafat do sul do Líbano, onde tinham estabelecido, durante a guerra civil do país, um enclave semi-independente utilizado para lançar ataques terroristas a civis israelenses. A invasão, que levou à morte de 20 mil libaneses, foi amplamente criticada tanto dentro como fora de Israel, especialmente após o ataque da milícia cristã aos palestinos da região, no episódio que ficou conhecido como massacre de Sabra e Shatila. O ataque obteve sucesso em exilar Arafat na Tunísia.
Em 1985Israel se retirou do território libanês, exceto por uma estreita faixa de terra designado por Israel como a Zona de Segurança Israelense. A partir de 16 de junho de 2000Israel tinha retirado completamente as suas tropas do Líbano.
Primeira Intifada, um levante palestino contra Israel,[25] eclodiu em 1987, com ondas de violência nos territórios ocupados. Ao longo dos seis anos seguintes, mais de mil pessoas foram mortas, muitas das quais por atos internos de violência dos palestinos.[26] Durante a Guerra do Golfo em 1991, a OLP e os palestinos apoiaram os ataques de mísseis lançados contra Israel pelo líder iraquiano Saddam Hussein, na tentativa de provocar a entrada de Israel para a guerra.[27] [28]

1993 - 2000: processo de paz de Oslo[editar | editar código-fonte]

Yitzhak Rabin e Yasser Arafat dão as mãos, acompanhados por Bill Clinton, quando ocorreu a assinatura dos Acordos de Oslo, em 13 de setembro de 1993.
Em 1993, com o Acordo de Paz de Oslo, é criada a Autoridade Palestina, sob o comando de Yasser Arafat, mas os termos do acordo jamais foram cumpridos por ambas as partes. A intenção era o reconhecimento do direito do estado de Israel existir e uma forma de dar fim ao terrorismo.
O apoio público dos árabes aos Acordos foi danificado pelo Massacre da Gruta dos Patriarcas, pela continuação dos assentamentos judeus e pela deterioração das condições econômicas. O apoio da opinião pública israelense aos Acordos diminuiu quando Israel foi atingido por ataques suicidas palestinos.[29]
Em novembro de 1995 o assassinato de Yitzhak Rabin por um militante de extrema-direita judeu, chocou o país.[30]
Cartaz de um movimento pacifista: bandeiras de Israel e da Palestina e a palavra paz em Hebraica e Árabe.
No final da década de 1990, Israel, sob a liderança de Benjamin Netanyahu, desistiu de Hebron,[31] assinando o Memorando de Wye River, dando maior controle da região para a Autoridade Nacional Palestina.[32]
Ehud Barak, eleito primeiro-ministro em 1999, começou por retirar forças israelenses do sul do Líbano, realizando negociações com a Autoridade Palestina de Yasser Arafat e o Presidente dos Estados Unidos Bill Clinton durante a Cúpula de Camp David de 2000. Durante esta cimeira, Ehud Barak ofereceu um plano para o estabelecimento de um Estado palestino na Faixa de Gaza e 91% da Cisjordânia, retendo porém o controlo sobre todas as fronteiras e principais cursos de água, e anexando definitivamente 12% do Vale do Jordão, a região mais fértil da Cisjordânia, a favor de Israel, reservando-se ainda o direito de permanecer entre 12 a 30 anos em outros 10% dessa região.[33] Yasser Arafat rejeitou o acordo, exigindo, como pré-condição para as negociações, a retirada de Israel para as fronteiras de Junho de 1967.[34] Após o colapso das negociações, começou a Segunda Intifada.[35]

2000-2009[editar | editar código-fonte]

O percurso da barreira israelense da Cisjordâniaaprovada em maio de 2005
Intifada de Al-Aqsa começou no fim de setembro de 2000, na época em que o líder da oposição israelense Ariel Sharon e um grande contingente de guardas armados visitaram o complexo Monte do Templo em Jerusalém. Amplos motins e ataques eclodiram emJerusalém e em muitas das grandes cidades israelenses, e se espalharam por toda a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Um grupo israelense de direitos humanos, B'Tselem, estimou o número de mortos em 3.396 palestinos e 994 israelenses,[36] embora esse número seja criticado por não mostrar toda a imagem, e não distinguir entre combatentes e civis (terroristas suicidas, por exemplo, são contados entre os mortos).[37] [38]
Ariel Sharon foi escolhido como novo primeiro-ministro em 2001 durante uma eleição especial. Durante seu mandato, Sharon realizou seu plano de retirada unilateral da Faixa de Gaza e também liderou a construção da barreira israelense da Cisjordânia, para dificultar os atentados terroristas de homens-bombas palestinos. Com a eleição de Ariel Sharon, o Estado israelense passou a negar qualquer negociação com os palestinos sem antes cessar os frequentes ataques terroristas aos civis israelenses.
Em 2004, morre Yasser Arafat. A Autoridade Palestina passa ao eleito Mahmud Abbas.
Em 2005Israel evacuou e destruiu de forma unilateral os assentamentos judeus e os postos militares avançados israelenses da Faixa de Gaza e do norte da Cisjordânia (Plano de retirada unilateral de Israel). Entretanto, apesar de ter conquistado a soberania sobre Gaza (mas não sobre a Cisjordânia), os palestinos entraram em um conflito interno que ocasionou a tomada de poder pelo Hamas daFaixa de Gaza e o recrudescimento dos ataques com mísseis caseiros contra Israel a partir desta região, paralisando novamente as conversações de paz.
Em 2006 o Hamas, grupo terrorista fundamentalista que não reconhece a existência de Israel, é eleito democraticamente através de voto popular e obtém a maioria das cadeiras no Parlamento Palestino.
No final de Dezembro de 2008, o cessar-fogo entre o Hamas e Israel acabou após foguetes serem disparados a partir da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas. Israel respondeu com uma série de intensos ataques aéreos.[39] Em 3 de Janeiro de 2009, tropas israelitas entraram em Gaza marcando o início de uma ofensiva terrestre.[40]

2010-presente[editar | editar código-fonte]

Um míssil sendo disparado do sistema de defesa anti-aéreo Cúpula de Ferro durante aOperação Margem Protetora, de 2014.
Em 2 de setembro de 2010, sob a mediação do presidente norte-americanoBarack Obama, e em meio a muito ceticismo, o primeiro-ministro de IsraelBenjamin Netanyahu e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP),Mahmoud Abbas, concordaram em retomar negociações de paz diretas, após uma interrupção de 20 meses.[41]Contudo, a irredutibilidade do governo Netanyahu e a proteção diplomática americana impedindo na ONU punições a Israel pela transgressão das normativas internacionais têm reduzindo as margens de manobra dos negociadores, colocando mais uma vez um impasse numa solução final.[42]
Os últimos anos tem sido marcados por acentuados confrontos entre o Hamas e Israel, enquanto as negociações com a ANP estagnavam. Em 2012, um conflito de uma semana na Faixa de Gaza terminou com a morte de mais de 200 pessoas (a maioria palestinos). Em 2014, o governo israelense lançou uma nova ofensiva contra Gaza que deixou centenas de mortos. Os recentes conflitos são caracterizados por bombardeios aéreos maciços por parte de Israel, que terminam fazendo várias vítimas inocentes, e pelo lançamento indiscriminado de foguetes pelos militantes palestinos, que acabam atingindo primordialmente a população civil israelense.[43] [44]

As questões atuais em disputa[editar | editar código-fonte]

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Questões centrais[editar | editar código-fonte]

  • Status de Jerusalém - Devido ao seu valor histórico e religioso, Israel reivindica toda a cidade para si, o que não é reconhecido pela comunidade internacional. A parte Oriental de Jerusalém, território palestino ocupado por Israel desde 1967, é reivindicada pelos palestinos para ali estabelecer sua capital.
  • Refugiados palestinos da guerra de 1948
  • Os assentamentos israelenses na Cisjordânia
  • Preocupações com a segurança de Israel
  • Recursos Hídricos
  • Reconhecimento da Palestina como Estado Constituído Politicamente, com representação completa nas Nações Unidas e não apenas observador não-membro
  • Recuo do território israelense para as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias (desejo Palestino)

Outras questões[editar | editar código-fonte]

  • Ocupação militar israelense da Cisjordânia
  • O reconhecimento mútuo
  • Bloqueio de Gaza
  • Espaço aéreo palestino
  • Exército palestino
  • Muro erguido por Israel, a partir de 2008, ao sul da Palestina para evitar a entrada de egípcios

Histórico Demográfico[editar | editar código-fonte]

Século XIX - 1948[editar | editar código-fonte]

Demografia na Palestina[45] [46]
AnoJudeusÁrabesTotal
18006,700268,000274,700
188024,000525,000549,000
191587,500590,000677,500
1931174,000837,0001,011,000
1936> 400,000< 800,0001,200,000
1947630,0001,310,0001,940,000

1949 - 1967[editar | editar código-fonte]


Demografia em Israel[47]
AnoIsraelTotal
JudeusÁrabes
19491,013,900159,1001,173,000
1961 ? ? ?
Demografia em Egito ocupou Gaza e Jordânia ocupou Cisjordânia[48]
AnoOcupados por Egito na GazaOcupados por Jordânia na CisjordâniaTotal
JudeusÁrabesJudeusÁrabes
1950 ?240,000 ?765,000 ?
1960 ?302,000 ?799,000 ?

1967 - até hoje[editar | editar código-fonte]


Demografia em Israel[47]
AnoIsraelTotal
JudeusÁrabes
19672,383,600392,7002,776,300
19732,845,000493,2003,338,200
19833,412,500706,1004,118,600
19903,946,700875,0004,821,700
19954,522,3001,004,9005,527,200
20004,955,4001,188,7006,144,100
20065,137,8001,439,7006,652,896
Demografia ocupados por Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada, de Israel[49]
AnoOcupados por Israel em GazaOcupados por Israel na CisjordâniaTotal
JudeusÁrabesJudeusÁrabes
1970 ?368,000 ?677,000 ?
1980 ?497,000 ?964,000 ?
1985 ?532,288 ?1,044,000 ?
1990 ?642,814 ?1,254,506 ?
1995 ?875,231 ?1,626,689 ?
2000 ?1,132,063 ?2,020,298 ?
200601,428,757255,6002,460,4924,144,849

Notas e referências

  1. Ir para cima http://historia.abril.com.br/guerra/criacao-israel-duas-visoes-conflitantes-435008.shtml
  2. Ir para cima STEIN, Kenneth W. (Abril 1984). The Jewish National Fund: Land Purchase Methods and Priorities, 1924 - 1939 (Volume 20 Número 2) (em inglês) Middle Eastern Studies 190-205 pp..
  3. Ir para cima Macintyre, Donald. "The birth of modern Israel: A scrap of paper that changed history", The Independent, 2005-05-26. Página visitada em 2009-01-07.
  4. Ir para cimahttp://us.geocities.com/fusaoracial/jabotinsky_zeev.htm
  5. ↑ Ir para:a b Thomas, 1999, p.13
  6. Ir para cima Declaração Anglo-Francesa na Wikisource.
  7. Ir para cima Scharfstein 1996, p. 269. "During the First and Second Aliyot, there were many Arab attacks against Jewish settlements… In 1920, Hashomerwas disbanded and Haganah ("The Defense") was established."
  8. Ir para cima League of Nations: The Mandate for Palestine, July 24, 1922 Modern History SourcebookFordham University (1922-07-24). Visitado em 2007-08-27.
  9. Ir para cima J. V. W. Shaw , "A Survey of Palestine, Vol 1: Prepared in December 1945 and January 1946 for the Information of the Anglo-American Committee of Inquiry", Reprinted 1991 by The Institute for Palestine Studies, Washington, D.C., p.148
  10. Ir para cima Best 2003, pp. 118–9
  11. Ir para cima Quigley, 1990, p.38
  12. Ir para cima Telegrama do Secretário-Geral da Liga Árabe ao Secretário-Geral da Nações Unidas 15 de Maio de 1948 - Wikisource anglófono. Acessado a 13 de Agosto de 2006. (em inglês)
  13. Ir para cima General Progress Report and Supplementary Report of the United Nations Conciliation Commission for Palestine, Covering the Period from 11 December 1949 to 23 October 1950 (em inglês) U.N. General Assembly Official Records, 5th Session, Supplement No. 18, Document A/1367/Rev. 1 United Nations Concilation Commission (22 de outubro de 1950).
  14. Ir para cima Van Evera, Stephen. Nature of the Flashpoint(PDF) Center for International StudiesMassachusetts Institute of Technology. Visitado em 2007-09-11.
  15. Ir para cima Reveron & Murer 2006
  16. Ir para cima Gilbert 2005, p. 58
  17. Ir para cima The Suez Crisis University of San Diego (2005-12-05). Visitado em 2007-07-15.
  18. Ir para cima Carta de fundação da OLP (em inglês).
  19. Ir para cima NYTimes - The Interregnum
  20. Ir para cima Israel Ministry of Foreign Affairs - The Palestinian National Covenant- July 1968
  21. Ir para cima Ma'alot, Kiryat Shmona, and Other Terrorist Targets in the 1970s
  22. Ir para cima Andrews, Edmund L. and John Kifner."George Habash, Palestinian Terrorism Tactician, Dies at 82." The New York Times. January 27, 2008. May 12, 2008.
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  24. Ir para cima http://www.pedalnaestrada.com.br/pages.php?recid=456
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