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terça-feira, 26 de julho de 2016

Revelação bombástica contra o preterismo



A Escrita do Apocalipse

Observa  aqui em Apocalipse 1:3 onde  João deixa explícito que toda revelação de Apocalipse já havia sido dada a ele, pois ele cita no início do Livro que quem lesse deveria  guardar toda a profecia contida no livro. Que livro se ele ainda está no verso três?

“Bem aventurado aquele que lê e bem-aventurados os que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Apocalipse 1:3)

Ele fala no singular quando diz “desta  profecia”.

Isso indica que João escreveu o Apocalipse depois que saiu da ilha. Veja o que ele diz no momento da escrita:

“Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo” (Apocalipse 1:9)

Estava?

Isso significa que enquanto ele escrevia ele não mais estava na ilha!

Evidente que ele não escreveu as revelações enquanto as recebia. Isso é óbvio por vários motivos, e o principal deles é que ele foi ali exilado por causa do testemunho de Jesus, como ele mesmo atesta. Dentro desse contexto, podemos inferir que ele não pode ter tido facilidades dentro da ilha para escrever as revelações e ainda por cima enviá-las por todo o império que o tinha aprisionado ali, o romano.

Isso refuta aqueles que afirmam que João escreveu o Apocalipse em duas partes, uma delas, a segunda, 25 anos depois da primeira. E tem mais, se João escreveu mesmo depois que saiu do exílio, então temos aqui um fortíssimo argumento contra a escola preterista. Isso prova que ele escreveu após a morte de Domiciano, pois a história atesta que ele só foi liberto depois que o Tirano morreu, o  que só ocorreu depois da década de 80!


Meu Comentário

Confesso que fiquei surpreso quando li tal argumentação, pois sempre pensei que João havia escrito o Apocalipse enquanto estava na ilha de Patmos, não atentando para o verso 9 no início do livro, que coloca o tempo claramente no passado, nos indicando que João obteve as revelações enquanto esteve em Patmos, mas somente escreveu sobre essas revelações, passando-as para o livro que hoje chamamos de Apocalipse, depois que saiu de lá, razão pela qual ele diz que estava em Patmos – porque não está mais!

E como a escola preterista é derrubada com um só versículo?

Simples. Os preteristas afirmam que João escreveu o Apocalipse enquanto esteve na ilha de Patmos, e que ele ficou preso lá desde antes de 70 d.C, quando escreveu o Apocalipse, sendo solto apenas em 96 d.C, como a história cristã atesta, no final do reinado de Domiciano. Assim, argumentam eles que o fato de João ter saído da ilha de Patmos em 96 d.C  não significa que ele escreveu o Apocalipse nesta época, pois ele estaria preso desde antes de 70 d.C, escrito o Apocalipse nesta época e o espalhado por todas as partes do Império, prevendo a queda de Jerusalém em 70 d.C, e somente muitos anos depois ter sido solto de lá, em 96 d.C (quando o livro já teria sido escrito pelo menos vinte e cinco anos antes!).

Sendo assim, na visão deles, não teria problema deixar João preso durante aproximadamente 30 anos em Patmos e tendo escrito o Apocalipse enquanto lá esteve bem no começo, antes de 70 d.C, sendo solto somente muito tempo depois. Mas o que o verso 9 do próprio João atesta liquida com todas as pretensões preteristas, pois, como ele disse, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo” (Ap.1:9).

Ou seja: João obteve as revelações do Apocalipse enquanto esteve em Patmos, mas somente as passou por escrito em um livro depois que já havia sido solto.

E quando que João foi solto?

A história cristã atesta em uma só voz: no final do reinado de Domiciano, que reinou até de 81 d.C até 96 d.C:


-Eusébio de Cesareia:

“Escuta uma historieta, que não é uma historieta, mas uma tradição existente sobre o apóstolo João, transmitida e guardada na memória. Efetivamente, depois que morreu o tirano, João mudou-se da ilha de Patmos a Éfeso. Daqui costumava partir, quando o chamavam, até as regiões pagãs vizinhas, com o fim de, em alguns lugares, estabelecer bispos; em outros, erguer igrejas inteiras, e em outros ainda, ordenar a algum dos que haviam sido designados pelo Espírito” (História Eclesiástica, Livro III, 23:6) 

“É tradição que, neste tempo, o apóstolo e evangelista João, que ainda vivia, foi condenado a habitar a ilha de Patmos por ter dado testemunho do Verbo de Deus. Pelo menos Irineu, quando escreve acerca do número do nome aplicado ao anticristo no chamado Apocalipse de João, diz no livro V Contra as heresias, textualmente sobre João o que segue: ‘Mas se fosse necessário atualmente proclamar abertamente seu nome, seria feito por meio daquele que também viu o Apocalipse, já que não faz muito tempo que foi visto, mas quase em nossa geração, ao final do império de Domiciano (História Eclesiástica, Livro III, 18:1-3) 

“E um pouco mais abaixo segue dizendo sobre o mesmo: "Nós pois, não nos arrisquemos a manifestarmo-nos de maneira segura sobre o nome do anticristo, porque, se houvesse sido necessário na presente ocasião proclamar abertamente seu nome, ter-se-ia feito por meio daquele que também tinha visto o Apocalipse, já que não faz muito tempo que foi visto, mas quase em nossa geração, ao final do império de Domiciano" (História Eclesiástica, Livro V, 8:6) 


-Jerônimo:

“Mas Pedro é somente um Apóstolo, enquanto João é um Apóstolo, um Evangelista, e um Profeta. Um Apóstolo, porque escreveu às Igrejas como mestre; um Evangelista, porque compôs um Evangelho, coisa que nenhum outro Apóstolo, exceto Mateus, fez; um profeta, porque viu na ilha de Patmos, onde tinha sido desterrado pelo imperador Domiciano como um mártir do Senhor, um Apocalipse contendo os ilimitados mistérios do futuro (Contra Joviniano, Livro I) 

“No décimo quarto ano depois de Nero, Domiciano, tendo levantado uma segunda perseguição, baniu João para a ilha de Patmos, onde ele escreveu o Apocalipse, em que Justino Mártir e Irineu depois escreveram comentários. Mas Domiciano tendo sido condenado à morte e seus atos, por conta de sua excessiva crueldade, foram anulados pelo Senado, e João voltou a Éfeso” (Homens Ilustres, IX) 

"João era um profeta. Ele viu o Apocalipse na ilha de Patmos, onde foi banido por Domiciano(Trabalhos, vol. 6, p. 446)


-Sulpício Severo:

"João, o apóstolo e evangelista, foi exilado por Domiciano para a ilha de Patmos, onde teve visões, e onde escreveu o Apocalipse" (Trabalhos, vol. 4, Cap 120) 

“Então, depois de um intervalo, Domiciano, filho de Vespasiano, perseguiu os cristãos. Nesta data, ele baniu João Apóstolo e Evangelista para a ilha de Patmos (História Sagrada, Livro II, Cap.31) 


-Hipólito de Roma:

“João, de novo na Ásia, foi banido por Domiciano para a ilha de Patmos, na qual escreveu a visão apocalíptica, e no tempo de Trajano ele adormeceu em Éfeso, onde seus restos mortais foram procurados, mas não foram jamais encontrados” (Doze Apóstolos, Cap.3, v.3) 


-Vitorino:

“João estava na ilha de Patmos, condenado ao trabalho das minas por César Domiciano… ele viu o Apocalipse, e quando envelheceu, ele pensou que ele deveria finalmente receber sua quitação pelo sofrimento. Domiciano foi morto e todas as decisões dele estavam descarregadas. João foi liberto das minas” (Vitorino, Comentário sobre o Apocalipse, XI)


-Tertuliano:

“Tertuliano também mencionou Domiciano nas seguintes palavras: ‘Domiciano também, que possuía uma parcela da crueldade de Nero, tentou uma vez fazer a mesma coisa que este último fez… sequer se lembrou daqueles a quem ele tinha banido… Mas depois que Domiciano reinou 15 anos, e Nerva tinha sucedido ao império, o Senado romano, de acordo com os escritores que registram a história daqueles dias, votaram que os horrores de Domiciano deveriam ser cancelados, e que aqueles que tinham sido injustamente banidos devem retornar para suas casas e ter suas propriedades restauradas a eles. Foi nessa época que o apóstolo João retornou de seu exílio na ilha ao seu domicílio em Éfeso” (História Eclesiástica, Livro III, Cap.20) 


-Clemente de Alexandria:

Quando da morte do tirano [Domiciano], ele retornou a Éfeso da ilha de Patmos, ele foi embora, sendo convidado aos territórios contíguos das nações, aqui a nomear bispos, lá para pôr em ordem Igrejas para ordenar tais como foram marcados pelo Espírito” (Quem é o homem rico que será salvo, XLII) 


-Irineu:

“Não vamos, no entanto, incorrer no risco de se pronunciar de forma positiva quanto ao nome do Anticristo, pois se fosse necessário que seu nome deve ser claramente revelado neste momento, teria sido anunciado por aquele que viu a visão apocalíptica. Por que foi visto num tempo não muito longo desde então, mas quase em nossos dias, para o fim do reinado de Domiciano (Contra Heresias V, 20) 

Como vemos, a história cristã atesta e confirma que João foi exilado para a ilha de Patmos por Domiciano e solto no final do reinado deste mesmo imperador romano, que reinou de 81 a 96 d.C. Portanto, o apóstolo João recebeu as revelações apocalípticas em algum momento entre 81 e 96 d.C. Mas, como ele diz no verso 9 do primeiro capítulo de seu livro que “estava” em Patmos (o que significa que não está mais no momento em que ele escreve), isso significa que o livro do Apocalipse em si foi escrito depois que ele já havia saído de Patmos, ou seja, depois de 96 d.C, no finalzinho do primeiro século d.C.

Isso cai como uma bomba atômica naqueles que creem e ensinam que o Apocalipse foi escrito antes de 70 d.C, prevendo a guerra entre Jerusalém e Roma que aconteceu nessa época, sendo conhecidos como “preteristas”. Se João escreveu antes de 70 d.C, então ele foi preso antes do imperador Domiciano, contrariando os Pais da Igreja que disseram claramente o contrário, e foi solto também antes de 70 d.C quando escreveu o livro, ou seja, teria sido solto sob o reinado de Nero, e não de Domiciano.

Mas qual dos Pais da Igreja que alguma vez escreveu que João foi solto sob o reinado de Nero? Absolutamente ninguém. A história cristã é simplesmente unânime e esmagadora em afirmar que João foi liberto de Patmos no final do reinado de Domiciano, conforme vimos em dezenas de citações de dezenas de Pais da Igreja, ou seja, de todos os que falaram sobre este assunto. Portanto, se João escreveu o Apocalipse depois que foi liberto de Patmos e ele só foi liberto de Patmos no final do reinado de Domiciano (96 d.C), isso significa que ele só pode ter escrito o livro de 96 d.C em diante, e não antes disso. Jogar para uma data anterior a mais de 30 anos de distância é simplesmente pisar e cuspir em cima da história.

Ademais, temos que ressaltar também que o apóstolo João não foi para Patmos de passeio, ele foi enviado para lá pelas autoridades romanas como uma prisão. A ilha de Patmos era uma prisão sem muros, onde os prisioneiros eram obrigados a trabalhar nas minas de carvão. Era uma ilha isolada do continente e se localizava no mar Egeu. Simplesmente era impossível que João escrevesse o livro do Apocalipse e suas inúmeras cópias, e depois enviá-las para as mais diversas regiões do Império Romano, inclusive às sete igrejas da Ásia mencionadas nos capítulos 2 e 3, estando preso e submetido a trabalhos forçados em uma ilha completamente isolada do continente. Portanto, não há como João ter escrito o Apocalipse em Patmos e ter enviado as cópias às igrejas da Ásia e aos demais cristãos. Ele recebeu as revelações em Patmos, mas somente pôde escrever sobre elas, fazer cópias e distribui-las pelo Império após ter sido solto, já depois de 96 d.C, como nos atesta a história cristã e Ap.1:9.

Seria melhor que tais preteristas aproveitassem para jogar de uma vez também todos os seus livros de história cristã ou secular no lixo, pois se cegarem diante de tamanhas evidências históricas esmagadoras significa ser condizente com um estado de completa ignorância que eu creio que ninguém aqui estaria realmente disposto a estar. De fato, a única coisa que sustenta a visão preterista do Apocalipse é a cegueira e o fanatismo de seus defensores, que o defendem com unhas e dentes, ainda que para isso seja necessário desprezar e ignorar todo um fundo histórico que abrange a escrita apocalíptica do livro de João.

E aqui morrem as últimas pretensões preteristas.

Que descanse em paz.

O que é a apostasia e como posso reconhecê-la?

"O que é a apostasia e como posso reconhecê-la?"


 
A apostasia, da palavra grega apostasia, significa "um desafio de um sistema estabelecido ou autoridade; uma rebelião; um abandono ou falta de fé." No mundo do primeiro século, a apostasia era um termo técnico para a revolta política ou deserção. E, assim como no primeiro século, a apostasia ameaça o Corpo de Cristo hoje.

A Bíblia adverte sobre pessoas como Ário (c. 250-336 AD), um sacerdote cristão de Alexandria, Egito, que foi treinado em Antioquia no início do quarto século. Em aproximadamente 318 DC, Ário acusou o bispo Alexandre de Alexandria de adotar o Sabelianismo, um falso ensino que afirmava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram apenas diferentes papéis ou modos assumidos por Deus em vários momentos. Ário estava determinado a enfatizar a unidade de Deus. No entanto, ele foi longe demais em seu ensinamento da natureza de Deus. Ário negou a Trindade e introduziu o que aparentava ser, sobre a superfície, uma diferença insignificante entre o Pai e o Filho.

Ário afirmou que Jesus não era homoousios (da mesma essência) como o Pai, mas sim homoiousios (de essência semelhante). Apenas uma letra grega - o iota (i) - separava os dois. Ário descreveu a sua posição desta forma: "O Pai existia antes do Filho. Houve um tempo em que o Filho não existia. Portanto, o Filho foi criado pelo pai. Portanto, embora o Filho tenha sido a maior de todas as criaturas, ele não era da essência de Deus."

Ário era muito inteligente e fez o seu melhor para atrair as pessoas ao seu lado. Chegou ao ponto de compor pequenas canções que ensinavam a sua teologia, as quais ele tentou ensinar a todos que quisessem ouvir. Sua natureza cativante e posição reverenciada como um pregador, assim como viver em negação de si mesmo, também contribuíram para a sua causa.

Com relação à apostasia, é fundamental que todos os cristãos compreendam duas coisas importantes: (1) como reconhecer a apostasia e professores apóstatas, e (2) por que o ensino apóstata é tão mortal.

As Formas de Apostasia
A fim de plenamente identificar e combater a apostasia, é importante que os cristãos compreendam as suas várias formas e os traços que caracterizam suas doutrinas e professores. Quanto às formas de apostasia, há dois tipos principais: (1) um afastamento das doutrinas fundamentais e verdadeiras da Bíblia em direção a doutrinas heréticas que proclamam ser "a verdadeira" doutrina cristã, e (2) uma renúncia completa da fé cristã, o que resulta em um abandono completo de Cristo.

Ário representa a primeira forma de apostasia - uma negação das principais verdades cristãs (como a divindade de Cristo). Isso, por sua vez, acaba causando um abandono completo da fé – que é a segunda forma de apostasia. É importante compreender que a segunda forma quase sempre começa com a primeira. Uma crença herética torna-se um ensino herético que se propaga e cresce até poluir todos os aspectos da fé de uma pessoa e, em seguida, o objetivo final de Satanás é realizado, ou seja, um completo afastamento do Cristianismo.

Um exemplo recente deste processo é um estudo feito em 2010 pelos proeminentes ateus Daniel Dennett e Linda LaScola, chamado de "Pregadores Que São Descrentes". O trabalho de Dennett e LaScola narra cinco pregadores diferentes que ao longo do tempo aprenderam e aceitaram os ensinamentos heréticos sobre o Cristianismo e agora completamente se afastaram da fé e são ou panteístas ou ateus clandestinos. Uma das verdades mais perturbadoras destacadas no estudo é que esses pregadores mantêm a sua posição como pastores de igrejas cristãs com as suas congregações não estando cientes do verdadeiro estado espiritual do seu líder.

O livro de Judas, o qual serve como um manual para entender as características dos apóstatas como os narrados no estudo de Dennett e LaScola, nos advertiu contra os perigos da apostasia. As palavras de Judas são tão relevantes para nós hoje quanto eram quando foram escritas no primeiro século, por isso é importante ler e compreendê-las cuidadosamente.

As Características da Apostasia e dos Apóstatas
Judas era o meio-irmão de Jesus e líder da igreja primitiva. Em sua carta do Novo Testamento, ele descreve como reconhecer a apostasia e exorta os do corpo de Cristo a pelejarem pela fé (v. 3). A palavra grega traduzida como "pelejar" é um verbo composto do qual temos a palavra "agonizar." Está no tempo presente do infinitivo, o que significa uma luta contínua. Em outras palavras, Judas está nos dizendo que haverá uma luta constante contra o ensino falso e que os cristãos devem levar isso tão a sério ao ponto de "agonizarem" pela luta da qual fazem parte. Além disso, Judas deixa claro que cada cristão é chamado a esta luta, não apenas os líderes da igreja, por isso é fundamental que todos os crentes agucem as suas habilidades de discernimento para que possam reconhecer e evitar a apostasia em seu meio.

Após exortar os seus leitores a batalhar pela fé, Judas destaca a razão: "Porque se introduziram furtivamente certos homens, que já desde há muito estavam destinados para este juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo" (v. 4). Neste versículo, Judas oferece aos cristãos três características da apostasia e mestres apóstatas.

Primeiro, Judas diz que a apostasia pode ser sutil. Judas usa a palavra "introduzir" para descrever a entrada do apóstata na igreja. No grego extra-bíblico, o termo descreve a astúcia de um advogado que, através da argumentação inteligente, se infiltra na mente dos funcionários do tribunal e corrompe o seu pensamento. A palavra significa literalmente "cair no lado; entrar furtivamente; esgueirar-se; difícil de detectar." Em outras palavras, Judas diz que raramente a apostasia começa de uma forma aberta e facilmente detectável. Em vez disso, ela se parece muito com a pregação de Ário, na qual, de forma muito sutil, apenas uma única letra diferencia sua doutrina do verdadeiro ensinamento da fé cristã.

Descrevendo este aspecto da apostasia e seu perigo subjacente, AW Tozer escreveu: "Tão qualificado é o erro de imitar a verdade, que os dois são constantemente confundidos um com o outro. É preciso um olho afiado nos dias de hoje para saber qual irmão é Caim e qual é Abel." O apóstolo Paulo fala também do comportamento aparentemente agradável dos apóstatas e seu ensino quando diz: "Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz" (2 Coríntios 11:13-14). Em outras palavras, não espere que os apóstatas tenham uma aparência perversa do lado de fora ou falem palavras dramáticas de heresia no início do seu ensino. Ao invés de diretamente negar a verdade, os apóstatas a torcem para acomodarem a sua própria agenda, mas como pastor RC Lensky observou: "As piores formas de maldade consistem nas perversões da verdade."

Segundo, Judas descreve os apóstatas como "ímpios" e como aqueles que usam a graça de Deus como uma licença para cometer atos injustos. Começando com "ímpios", Judas descreve dezoito características desfavoráveis dos apóstatas para que seus leitores possam mais facilmente identificá-los. Judas diz que os apóstatas são ímpios (v. 4), moralmente pervertidos (v. 4), negam a Cristo (v. 4), contaminam a carne (v. 8), rebeldes (v. 8), insultam os anjos (v. 8), são ignorantes sobre Deus (v. 8), proclamam visões falsas (v. 10), difamadores (v. 10), murmuradores (v. 16), descontentes (v. 16 ), propalam arrogâncias (v. 16), aduladores por motivos interesseiros (v. 16), escarnecedores de Deus (v. 18), causam divisões (v. 19), seguem o mundo (v. 19) e, finalmente (mas não surpreendentemente), são destituídos do Espírito/perdidos (v. 19).

Terceiro, Judas diz que os apóstatas "negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo." Como os apóstatas fazem isso? Paulo nos diz em sua carta a Tito: "Tudo é puro para os que são puros, mas para os corrompidos e incrédulos nada é puro; antes tanto a sua mente como a sua consciência estão contaminadas. Afirmam que conhecem a Deus, mas pelas suas obras o negam, sendo abomináveis, e desobedientes, e réprobos para toda boa obra" (Tito 1:15-16, ênfase adicionada). Através do seu comportamento injusto, os apóstatas mostram o seu verdadeiro eu. Ao contrário de um apóstata, um crente verdadeiro é alguém que foi liberto do pecado para a justiça em Cristo. Com Paulo, eles perguntam aos apóstatas que promovem o comportamento licencioso: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?" (Romanos 6:1-2)

No entanto, o ensino falso dos apóstatas também mostra a sua verdadeira natureza. Pedro diz: "Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição" (2 Pedro 2: 1). Um outro aspecto dos verdadeiros crentes é que foram salvos da escuridão à luz espiritual (Efésios 5:8) e, portanto, não negarão as verdades fundamentais da Escritura como Ário fez com a divindade de Jesus.

Em última análise, o sinal de um apóstata é que ele finalmente cai e se afasta da verdade da Palavra de Deus e Sua justiça. O apóstolo João afirma que esta é a marca de um crente falso: "Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos" (1 João 2:19).


Ideias Têm Consequências
Que Deus leva a sério a apostasia e o ensino falso é evidenciado pelo fato de que cada livro do Novo Testamento, exceto Filemon, contém advertências sobre o falso ensino. Por que isso? Simplesmente porque ideias têm consequências. Pensar corretamente e o seu fruto produzem bondade, enquanto que o pensamento errado e suas correspondentes ações resultam em penalidades indesejadas. Como exemplo, os campos de morte de Camboja na década de 1970 foram o produto de uma cosmovisão niilista de Jean Paul Sartre e seu ensino. O líder do Khmer Vermelho, Pol Pot, viveu a filosofia de Sartre em relação às pessoas de uma forma clara, assustadora e articulada desta maneira: "Preservá-lo é nenhum benefício. Destruí-lo não é perda."

Vale à pena lembrar-se de que Satanás não se aproximou do primeiro casal no jardim com um armamento externo ou arma sobrenatural. Em vez disso, ele usou uma ideia. E foi essa ideia que condenou a eles e o resto da humanidade, com o único remédio sendo a morte sacrificial do Filho de Deus.

A grande tragédia é que, consciente ou inconscientemente, o mestre apóstata condena os seus seguidores desavisados. Um dos versículos mais assustadores de toda a Escritura vem dos lábios de Jesus. Falando aos seus discípulos sobre os líderes religiosos de Seus dias, Ele disse: "Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco" (Mateus 15:14, ênfase adicionada). Este versículo é alarmante porque Jesus afirma que não só os falsos mestres irão para a destruição, mas os discípulos que os seguem também. O filósofo cristão Soren Kierkegaard coloca desta forma: "Ainda não falhou o conceito de que um tolo, quando se perde, leva vários outros com ele."

Conclusão
Em 325 DC, o Concílio de Niceia se reuniu com o principal objetivo de tratar de Ário e seus ensinamentos. Para desgosto de Ário, o resultado final foi sua excomunhão e uma declaração no Credo Niceno que afirmava a divindade de Cristo: "Nós acreditamos em um só Deus, o Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um só Senhor Jesus Cristo, o filho de Deus, o unigênito do Pai, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus, gerado, não criado, consubstancial com o Pai".

Ário pode ter morrido séculos atrás, mas seus filhos espirituais ainda estão conosco até hoje na forma de seitas como as Testemunhas de Jeová e outros que negam a verdadeira essência e pessoa de Cristo. Infelizmente, até Cristo retornar e cada inimigo espiritual ser removido, joios como estes estarão presentes no meio do trigo (Mateus 13:24-30). Na verdade, a Escritura diz que a apostasia só vai piorar com a aproximação do retorno de Cristo. "Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão" (Mateus 24:10). Paulo ecoa Jesus em seus escritos inspirados também. O apóstolo disse aos tessalonicenses que uma grande apostasia precederia a segunda vinda de Cristo (2 Tessalonicenses 2:3) e que o fim dos tempos seria caracterizado por tribulação e charlatões religiosos vazios: "Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens... tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses" (2 Timóteo 3:1-2,5).

É fundamental, agora mais do que nunca, que cada crente ore por discernimento, combata a apostasia e batalhe pela fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos.