Educação Transformadora EBD
Para uma reflexão coerente a respeito da Escola Dominical, do ensino e da transformação, como propõe o tema deste artigo, se faz necessário ressaltar que não existe educação transformadora se não pensarmos que há necessidade de transformação. Quem necessita de transformação e por quê?
Se quisermos uma educação cristã que seja relevante para os nossos dias, precisamos fazer uma leitura do nosso tempo. Vivemos “tempos trabalhosos” e a Escola Dominical, como instituição de ensino religioso, precisa formar alunos (indivíduos) que possam enfrentar, segundo os preceitos de Jesus, os desafios espirituais, políticos, sociais, filosóficos, éticos, etc. do nosso tempo. Além desses desafios atuais, necessitamos refletir a respeito da Escola Dominical enquanto instituição de ensino religioso. Quais são nossos maiores entraves na atualidade? Creio que dentre os vários desafios da atualidade, atrair os alunos e garantir a frequência deles na Escola Dominical é o mais desafiador. Também não é uma tarefa nada fácil fazer com que os já matriculados, sejam assíduos e continuem a crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, experimentando uma transformação pessoal.
1. Educação Transformadora
O que é transformar? “Fazer tomar nova feição ou caráter, alterar-se, modificar-se, passar de um estado ou condição a outro”. Fica, assim, a seguinte indagação: “Nosso ensino tem contribuído para formar pessoas mais éticas, mais amorosas, enfim, pessoas melhores?”.
É importante ressaltar que quando nos referimos à educação transformadora, não estamos nos referindo a um método educativo, mas de uma filosofia pedagógica que requerer uma prática coerente. O Evangelho de Jesus Cristo é transformador, logo a educação cristã tem como princípio a transformação do indivíduo (Jo 3.3; 2 Co 5.17). Evangelho que não transforma, não é evangelho. Religião alguma pode transformar o ser humano. A religião acaba deformando, adoecendo o indivíduo, somente Jesus tem o poder de transformar. Todavia, para que nosso ensino seja transformador, relevante para os nossos dias, precisamos ter uma visão holística do indivíduo, gerando uma transformação global (corpo, alma e espírito). A educação cristã, gera uma transformação de dentro para fora, pois o inverso não é transformação.
A transformação é algo tão relevante que o primeiro milagre realizado por Jesus aponta para o poder transformador do Evangelho (Jo 2). Jesus não transformou a água em vinho para deixar os noivos e os convidados alegres. Jesus desejava mostrar que somente Ele, e não a religião, poderia transformá-los.
Infelizmente, temos visto crentes que são assíduos à Escola Dominical, porém os anos passam e a pessoa não se torna um ser humano melhor. Você já parou para refletir a esse respeito? Que tipo de ensino estamos oferecendo na Escola Dominical?
Infelizmente, temos visto crentes que são assíduos à Escola Dominical, porém os anos passam e a pessoa não se torna um ser humano melhor. Você já parou para refletir a esse respeito? Que tipo de ensino estamos oferecendo na Escola Dominical?
Para aprofundar a nossa reflexão, faremos uma breve comparação entre uma “educação transformadora” e uma “educação bancária”. Vamos tomar como base a educação transformadora (centrada em Jesus) e a educação que Paulo Freire chamou de “bancária” e que Freinet denominou de “escolástica”. Observe:
Educação transformadora x “educação bancária” (Paulo Freire)
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O aluno é o sujeito da aprendizagem. | O professor é o sujeito da aprendizagem. Para Freire “na visão bancária da educação, o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber”. |
Diálogo. | O aluno é um mero receptor. |
Reflexão. | O aluno apenas memoriza. |
Inclusiva. | Não valoriza e não abre espaço para as diferenças. |
Aberta para o novo, para mudanças. | Não há espaço para mudanças. |
O ser humano está sempre em primeiro lugar. | A tradição, os recursos e métodos se tornam mais importantes. |
Salvação pela fé, graça divina. | Legalismo (uso incorreto da lei). |
2. Mudança e Transformação
Se quisermos uma educação que transforma, precisamos de algumas mudanças, embora saibamos que mudar não é algo fácil. Em geral, as instituições de ensino — religiosas ou não — são resistentes a todo tipo de mudança. Alguns professores são tão resistentes que nunca acrescentam nada de novo a suas aulas. Eles são sempre previsíveis, utilizando domingo após domingo a mesma metodologia e quase nenhum tipo de recurso didático. O conteúdo e os princípios da Palavra de Deus, que devem ser trabalhados em nossas aulas, são imutáveis e inegociáveis, porém a metodologia e os recursos devem acompanhar o nosso tempo. Estamos diante de uma nova geração e por isso precisamos buscar novas metodologias a fim de atrair e fazer com que os alunos queiram participar ativamente das aulas e aprender. Essa procura por novas metodologias é difícil, pois requer tempo e vontade, mas é extremamente necessária para alcançar esta geração. Mudança de paradigma requer reflexão, pesquisa, diálogo, vontade de mudar, romper com o comodismo e transpor os vários obstáculos que têm prejudicado a aprendizagem. Na educação cristã, temos vários entraves que precisam ser vencidos, todavia, acredito que os principais obstáculos são:
- Docentes mal preparados;
- Tradicionalismo no preparo das aulas;
- Falta de recursos didáticos adequados aos conteúdos;
- Falta de aplicabilidade do conteúdo.
- Tradicionalismo no preparo das aulas;
- Falta de recursos didáticos adequados aos conteúdos;
- Falta de aplicabilidade do conteúdo.
Conclusão
Quero concluir esta reflexão com as palavras de Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.”
Quero concluir esta reflexão com as palavras de Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.”
Referências Bibliográficas
BUENO, Telma. Educação Cristã: Reflexões e práticas. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 11ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
HAYDT, Regina Célia C. Curso de Didática Geral. 8. ed. São Paulo: Ática, 2010.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 28. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. 21. ed. São Paulo: Cortez, 1994.
MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 5. ed. São Paulo: Papirus, 2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 11ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
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MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 5. ed. São Paulo: Papirus, 2011.
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