DERRUBANDO O PRETERISMO
O primeiro assunto controvertido dentro da comunidade cristã diz respeito logo à própria tribulação em si. Não adianta nada debater sobre “arrebatamento” ou sobre “milênio” se não entendermos que o Apocalipse é uma visão do fim dos tempos, das coisas que em breve hão de acontecer. Acontece que alguns teólogos (principalmente no meio católico) defendem a tese de que a Tribulação Apocalíptica diz respeito à destruição do Templo e a Queda de Jerusalém em 70 d.C, e não a algo que ainda está para acontecer no mundo.
Os que defendem essa tese dividem o livro em duas partes: A primeira parte, do capítulo 1 ao 19, narra a tribulação que assolaria Jerusalém naqueles dias, e a segunda parte (cap.21 e 22) é uma referência ao juízo final, segunda vinda, arrebatamento, ressurreição e estado eterno. O período que se interpõe a destruição de Jerusalém (70 d.C) e a segunda vinda de Cristo é o que o apóstolo João chama de “milênio”.
Noutras palavras, a Tribulação já aconteceu, o milênio já está em andamento e tudo o que ainda está para acontecer refere-se tão somente a segunda vinda de Cristo com distinção entre salvos e perdidos e consequente ressurreição dos mortos/arrebatamento. Essa posição é difícil de ser sustentada por inúmeros motivos que contrariam diretamente ela. Primeiramente, essa posição baseia-se em um único versículo tirado de seu devido contexto:
"Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam" (Mt.24:34)
Fazendo uso deste versículo, pregam eles que a tribulação apocalíptica em que Jesus trata no cap.24 de Mateus diz respeito a um acontecimento que sobreviria apenas aquela geração atual e não passaria dela. De fato, parece ser isso mesmo o que esta passagem parece dizer. Mas aqui é que reside o primeiro problema: doutrinas bíblicas importantes como essa não pode ser fundamentada sobre um único versículo!
Como veremos mais adiante, existe uma lavada de provas e evidências textuais e históricas que destroem por completo com essa tese. Isso acontece porque sempre que uma importante doutrina bíblica é sustentada por uma ou poucas passagens, nunca consegue se consolidar quando comparamos com as outras, e acaba sendo facilmente destronada. Essa passagem é um ótimo exemplo disso.
Primeiramente, para entendermos se Jesus estava falando da destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C ou a um acontecimento mundial que abalaria ao mundo nos últimos dias, temos que analisar TODO o contexto ao invés de isolarmos determinada passagem ao nosso bel-prazer. E, para isso, contamos com grande ajuda, uma vez sendo que o contexto de Mateus 24 também encontra eco nos evangelho de Lucas (cap.21) e no de Marcos (cap.13).
Podemos analisar todas as evidências antes de tirarmos uma decisão precipitada. Primeiramente analisaremos o devido contexto de Mateus cap.24, e, em seguida, elucidarmos a passagem referida do verso 34. Também mostraremos várias outras evidências em outras passagens bíblicas (e no próprio Apocalipse) de que a Grande Tribulação não corresponde a algo passado que atingiu apenas determinada região ou local, mas sim a um fenômeno mundial, a maior guerra de todos os tempos que o mundo já pôde presentear. Vamos, portanto, ao contexto daquela passagem:
“E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações” (Mc.13:10)
Podemos perceber, na narrativa paralela do evangelho de Marcos, que Jesus afirma logo ainda no verso 10, que o evangelho seria pregado em todas as nações. Ora, isso era impossível em 70 d.C. O evangelho não havia sido anunciado para todas as nações; na verdade, não havia chegado nem perto disso! Ainda hoje, dados atuais nos revelam que existem bilhões de pessoas que ainda nunca ouviram falar de Jesus. E ele é bem claro, dizendo dentro do contexto em que se refere à tribulação (vs.7 – 19) que ela não aconteceria senão depois que o evangelho fosse pregado no mundo todo.
Como isso claramente não aconteceu em 70 d.C (ainda naquela geração), então a referência de Jesus devia-se dar a algo futuro, relacionado ao fim dos tempos, quando o evangelho de Deus fosse, finalmente, pregado no mundo todo. A tribulação não pode acontecer antes disso, precisamente porque Jesus disse que “antes... [da tribulação – v.7-19] é necessário que o evangelho seja pregado a TODAS as nações” (v.10). Isso, por si só, liquida com a possibilidade da tribulação se dar antes disso. Ademais, temos mais inúmeras provas e referências nos três evangelhos que não nos deixam possibilidades de que a tribulação já tenha acontecido no primeiro século. Por exemplo, o que Cristo afirma no verso 21 é de extrema importância:
“Porque haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá” (Mt.24:21)
Aqui vemos novamente Cristo referindo-se a “grande tribulação” (v.21), e que ela seria um fenômeno extremamente único e maior em grandiosidade em relação a qualquer outra guerra, tanto antes como depois dela. Ela seria tão grande como “nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá”. Guarde esse final! Essa guerra não apenas seria a maior que a História já presenteou, como também não haveria nenhuma maior que ela em todo o futuro! Agora basta usar o raciocínio:
Ora, a 1 e 2 Guerras Mundiais mataram mais gente, destruíram mais coisas, causaram maior repercussão, foram muito mais devastadoras, alcançaram mais localidades, foram mais violentas, causaram maior numero de feridos, etc, etc, etc. Se a referencia ali era mesmo a destruição de Jerusalém em 70 d.C então além de tudo Cristo é "falso profeta" por atribuir um caráter muitíssimo MAIOR a guerra do que ela realmente foi em relação as outras que viriam depois dela. É óbvio que a referência ali era a uma grande tribulação futura que está para abalar toda a terra. O evangelista Lucas também nos deixa claro que a "GUERRA" ali retratada dizia respeito a um FENOMENO MUNDIAL e não a algo delimitado a determinada região ou localidade apenas:
"...Porque ele virá sobre todos os que vivem na face de toda a terra" (Lc.21:35)
"...Porque ele virá sobre todos os que vivem na face de toda a terra" (Lc.21:35)
Isso também liquida com as chances da tribulação limitar-se apenas a região de Jerusalém na guerra contra os romanos. Existiram nações que nem ao menos participaram daquela guerra, e isso é História, e não conversa afiada! Contudo, a tribulação relatada por Jesus em Mt.24 (com eco em Lc.21 e em Mc.13) dizia respeito a uma guerra que viria sobre todos os que vivem na face de TODA a terra. Isso não seria dito por ele caso tivesse a ideia de que a dimensão da batalha ali referida era só para os judeus em 70 d.C e para ninguém mais. Ao contrário, tal fenômeno seria algo mundial, sobre todos os que vivem sobre a face de toda a terra! Fato semelhante também é narrado por Lucas:
“Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados” (Lc.21:26)
Veja que Jesus não limita o acontecimento APENAS a região da Judéia (embora ela obviamente não estivesse isenta da tribulação que atingiria o mundo), mas deixa claro que sobreviria ao mundo todo! Como sabemos historicamente, a guerra entre os judeus e os romanos que se deu naquela geração não sobreviu a todo o mundo, mas apenas aquela determinada região. Os homens que desmairiam de terror ao ver a guerra não ficariam pasmados com aquilo queapenas Jerusalém estava sofrendo, ao contrário, ficariam apreensivos com o que estaria sobrevindo ao mundo! O mundo todo seria abalado! Finalmente, a prova mais forte de todo o contexto se encontra nos evangelhos de Mateus e de Marcos:
“Imediatamente após a tribulação daqueles dias o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes celestes serão abalados” (Mt.24:29)
Veja aqui que o sol escureceria e a lua não mais daria luz, e as estrelas cairiam do céu, etc, IMEDIATAMENTE após a tribulação daqueles dias. Ou seja, não existe um enorme período de milhares de anos entre essa tribulação (se fosse em 70 d.C) e esses acontecimentos; ao contrário, tratavam-se de acontecimentos iminentes.
Jesus não diria tudo isso que se daria “IMEDIATAMENTE APÓS A TRIBULAÇÃO” se acreditasse que demoraria mais dois milênios para tais fatos se concretizarem! Isso liquida com toda e qualquer possibilidade de jogar a tribulação para dois mil anos atrás, pois imediatamente após a destruição de Jerusalém em 70 d.C não houve estrelas caindo do céu, e nem o sol escurecendo ou a lua não dando a luz. O evangelista Mateus é ainda mais preciso em afirmar que isso se darianaqueles mesmos dias:
“Mas naqueles dias, após aquela tribulação, o sol escurecerá e a lua não dará a sua luz” (Mc.13:30)
O verso seguinte de Mateus também confirma que imediatamente a tribulação daqueles dias se daria a volta do próprio Jesus:
“Imediatamente após a tribulação daqueles dias o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes celestes serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória” (Mt.24:39).
Perceba que o evangelista Mateus afirma que não apenas aqueles fenômenos todos (que não aconteceram em 70 d.C) se dariam naquele tempo imediatamente após a tribulação, como também afirma que se daria a própria volta de Jesus! A palavra “então” denota um tempo: naquele momento, naquele instante. Seria logo imediatamente a tribulação apocalíptica que se daria a volta do Nosso Senhor. Como isso não aconteceu nem sonhando em 70 d.C, então isso ainda está para acontecer. A tribulação apocalíptica e a segunda vinda de Cristo não são acontecimentos separados por milhares de anos, ao contrário, são fatos iminentes que se darão um imediatamente após o outro. É imediatamente após a tribulação que Jesus irá voltar! Outros detalhes no próprio livro de Apocalipse nos mostram que a Tribulação Apocalíptica diz respeito a algo muito MAIOR do que o que sucedeu em 70 d.C:
Apocalipse 1618 Houve, então, relâmpagos, vozes, trovões e um forte terremoto. Nunca havia ocorrido um terremoto tão forte como esse desde que o homem existe sobre a terra.
É óbvio que esse terremoto que seria o maior de toda a história da humanidade não aconteceu em 70 d.C e nem existem registros históricos dele. Caso ele de fato tenha existido a tal ponto de ser o maior de toda a História, então certamente muitas pessoas e historiadores da época iriam descrevê-lo exaustivamente!
Apocalipse 6
14 O céu foi se recolhendo como se enrola um pergaminho, e todas as montanhas e ilhas foram removidas de seus lugares.
Perceba aqui dois fatos igualmente importantes: (1) não eram apenas as monstanhas da Judéia que seriam afetadas na Tribulação, mas sim “todas” (v.14); e (2) tal fato não aconteceu em 70 d.C.
Apocalipse 6
15 Então os reis da terra, os príncipes, os generais, os ricos, os poderosos — todos os homens, quer escravos, quer livres, esconderam-se em cavernas e entre as rochas das montanhas.
Note que não eram apenas os poderosos da região da Judéia que seriam abalados pela tribulação. Ao contrário, como já vimos que ela terá proporções mundiais, seriam os “reis da terra” (não apenas os “reis da Judéia”), relacionado a“todos os homens” (v.15) que teriam que enfrentar a tribulação. Isso é um nítido e claro contraste gritante com a realidade da guerra entre Jerusalém e Roma de 70 d.C. A tribulação apocalíptica atingiria a toda a humanidade e não apenas a determinada região ou localidade:
Apocalipse 9
20 O restante da humanidade que não morreu por essas pragas, nem assim se arrependeu das obras das suas mãos; eles não pararam de adorar os demônios e os ídolos de ouro, prata, bronze, pedra e madeira, ídolos que não podem ver nem ouvir nem andar.
Em momento nenhum é referido que seria apenas os judeus os atingidos pela tribulação apocalíptica que sobreviria toda a terra. Faço questão de novamente ressaltar: Os judeus também não estão isentos da tribulação, mas eles não serão osúnicos a terem que enfrentá-la. O restante de toda a humanidade que “não se arrependeu” (v.20), e não apenas os judeus ou os romanos!
Apocalipse 16
19 A grande cidade foi fracionada em três partes, e as cidades das nações se desmoronaram. Deus lembrou-se da grande Babilônia e lhe deu o cálice do vinho do furor da sua ira.
Como consequência do “terremoto” (v.18), a “grande cidade” foi fracionada em três partes (v.19). Isso evidentemente não passou nem perto de acontecer em 70 d.C!
Apocalipse 16
20 Todas as ilhas fugiram, e as montanhas desapareceram.
Novamente vemos o teor global da tribulação junto com fatos que não aconteceram em 70 d.C. Vemos, portanto, que é lastimável ver que ainda existam pessoas que ainda insistem em defender que a grande maior parte do Apocalipse é algo passado que nós não devemos mais nos preocupar. Todas as evidências de Mateus 24, Marcos 13, Lucas 21 e, por fim, do próprio Apocalipse, nos mostram que a Tribulação é um acontecimento mundial, não delimitado a determinada região ou local do mundo, em uma guerra tão grande como o mundo jamais presenteou ou poderia presentear, com certos fatos que claramente não aconteceram na destruição do templo pelos romanos no primeiro século.
Ademais, vimos também que certos fenômenos sucederiam imediatamente a tribulação (que também não ocorreram em 70 d.C), conjuntando, finalmente, na própria segunda vinda de Cristo que não voltou “imediatamente a tribulação daqueles dias”! Como, então, conciliar tantas evidências irrefutáveis com uma única passagem tirada completamente de seu devido contexto para fundamentar uma doutrina antibíblica? Como concliar com todas as evidências apresentadas até aqui? Isso é muito, muito simples. A palavra utilizada por Cristo em Mt.24 no verso 34 (que vem depois da citação de todas aquelas outras coisas) é a palavra grega "genea", que significa:
Strong’s Concordance
idade, tempo de geração, nação.
Strong’s Concordance
idade, tempo de geração, nação.
Sentido claro do verso: aquela nação judaica não passaria até que todas as coisas se cumprissem. E - realmente -, não passou mesmo! Muitas vezes determinadas palavras do original grego podem ser traduzidas em seu sentido secundáriosem ferir o sentido da frase de quem foi dito. Seria uma adulteração apenas em caso que a palavra não tivesse nenhuma tradução viável ou que o sentido prático da frase fosse um completo disparate ao que a palavra realmente pode ser traduzida, o que não é o caso de Mt.24:34 precisamente porque “nação” é uma tradução possível e viável para a palavra “genea”.
Evidentemente a maioria das versões vernáculas a nossa disposição preferiu traduzir por “geração” para não causar confusão depois com os vários sentidos da palavra. Mas, quando determinada passagem tem sentidos diferentes que podem ser perfeitamente traduzidos, o correto a se fazer é sempre analisar o devido contexto textual a fim de descobrir em que sentido a palavra foi empregada.
Neste caso, o cumprimento da promessa de Cristo só teria validade em caso que fosse a “nação” – e não a “geração” – que subsistisse até a tribulação dos últimos dias. Outra prova muito forte disso é o próprio contexto em que, antes da menção de que TODAS aquelas coisas se cumpriram naquela “genea”, existe a menção de várias coisas que NÃO se cumpriram naquela geração:
"Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias" (Mt.24:27,28)
Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.
“Logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas" (Mt.24:29)
Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.
“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mt.24:30)
Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.
“E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mt.24:31)
Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.
Agora analisando o v.34 que vem DEPOIS da menção dessas coisas:
"Em verdade vos digo que não passará esta geração(?) sem que TODAS estas coisas aconteçam" (Mt.24:34)
Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.
“Logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas" (Mt.24:29)
Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.
“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mt.24:30)
Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.
“E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mt.24:31)
Isso está em Mt.24 e não aconteceu em 70 d.C.
Agora analisando o v.34 que vem DEPOIS da menção dessas coisas:
"Em verdade vos digo que não passará esta geração(?) sem que TODAS estas coisas aconteçam" (Mt.24:34)
Sentido claro do verso:
"Em verdade vos digo que não passará esta nação sem que todas estas coisas aconteçam"
"Em verdade vos digo que não passará esta nação sem que todas estas coisas aconteçam"
Assim vemos também que o único meio pelo qual Jesus não proferiu uma “profetada”, mas sim uma realidade, é admitirmos que ele acertou que aquela nação não iria desparecer até quando viria aqueles tempos de tribulação e juízo que sobreviria sobre todos os que habitam na face de toda a terra. Sobre este mesmo assunto, o apologista evangélico e norte-americano Norman Geisler, comenta em seu “Manual Popular de Dúvidas, enigmas e ‘Contradições da Bíblia’”:
“Primeiro, ‘geração’ em grego (genea) pode significar ‘raça’. Nessa situação específica, a afirmação de Jesus poderia significar que a raça judia não passaria até que todas as coisas se cumprissem. Por haver muitas promessas a Israel, inclusive a da herança eterna da terra da Palestina (Gn 12; 14-15; 17) e do reino Davídico (2 Sm 7), Jesus poderia estar se referindo à preservação da nação de Israel por Deus, de forma a cumprir com as promessas feitas a Israel”
E ele continua:
“Segundo, ‘geração’ poderia referir-se também a uma geração em seu sentido usual, de pessoas vivendo no tempo indicado. Nesse caso, a palavra se referiria às pessoas que estarão vivas quando essas coisas acontecerem no futuro. Em outras palavras, a geração que estiver viva quando essas coisas começarem a acontecer (o abominável da desolação [v. 15], a grande tributação, tal como nunca houve antes [v. 21], osinal do Filho do Homem no céu [v. 30] etc.) permanecerá viva até quando esses juízos se completarem. Portanto, já que comumente se crê que, no fim dos tempos, a tribulação terá a duração de sete anos (Dn 9:27; cf. Ap 11:2), Jesus estaria dizendo que ‘esta geração’ que estiver vivendo a tribulação ainda estará viva no seu final”
Portanto, toda e qualquer pretensão de jogar a tribulação para o primeiro século d.C cai por terra diante de uma simples lógica e coerência textual. A Bíblia é muito clara em afirmar sobre quando que o anticristo será morto, e não é em 70 d.C, mas somente na segunda vinda do Nosso Senhor:
“O qual o Senhor Jesus o matará com o sopro da sua boca e o destruirá pela manifestação da sua vinda” (2Tm.2:8)
Aqui nós vemos que esse iníquo (anticristo) só irá aparecer para ser morto pelo Senhor na “Sua Vinda”. O apóstolo (Paulo) faz questão de ressaltar o fato de que o iníquo só será morto na manifestação da vinda do Senhor Jesus e não em 70 d.C ou a algo que já passou em um Apocalipse “velho e ultrapassado”! O anticristo só irá se levantar e se manifestar no final dos tempos, na tribulação apocalíptica, e é somente neste momento em que ele será morto, pela segunda vinda de Cristo.
Isso tudo seria inaceitável em caso que o anticristo fosse alguém do primeiro século, pois já teria sido morto há vinte séculos atrás muitíssimo antes da volta de Jesus! A Bíblia, desta maneira, seria mentirosa e contraditória. Finalmente, a posição de que a tribulação apocalíptica já aconteceu também se defronta com dificuldades insuperáveis, a se supor pelo próprio período do milênio que viria em seguida.
Se o milênio é o período entre a tribulação de 70 d.C e a segunda vinda de Cristo (como pregam os que defendem essa tese), então segue-se logicamente que nós já estamos no milênio. Isso aparentemente não apresentaria dificuldade nenhuma por si só, se não fosse o “pequeno detalhe” de que Satanás estaria PRESO, e não solto, por este período:
“Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo” (Ap.20:2,3)
E é óbvio que Satanás não está preso ainda, como também atesta a própria Escritura:
“Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pe.5:8)
Sendo assim, é inócuo crer que o milênio já esteja em atividade no presente momento. Se o milênio já está em andamento (como sendo o período entre a destruição do templo e a volta de Jesus), então segue-se logicamente que Satanás já estaria preso, o que obviamente contraria a Bíblia. Se, contudo, o milênio ainda está para acontecer, então Satanás não está preso ainda, como de fato ele não está!
Por tudo isso e inúmeras outras razões, pelas quais poderia passar o dia todo escrevendo, é um erro muito grande deixar se levar por “doutrinas estranhas” (Hb.13:9) que afirmam que a grande maior parte do Apocalipse já passou e não existe mais tribulação nenhuma pela frente. O povo de Deus precisa conhecer mais das Escrituras e estar acordado e vigilando, a fim de que estejamos preparados para o que “há de sobrevir sobre a face de toda a terra” (Lc.21:35).
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino.
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