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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O medo da impopularidade leva muitos líderes à cumplicidade e pecados .

Disciplina eclesiástica

O medo da impopularidade leva muitos líderes à cumplicidade e pecados .

Texto-base: Mt 18.15-22.

A disciplina eclesiástica está em risco de extinção, ameaçada pelo individualismo e a liberdade de escolha do pós-modernismo. Nessa "nova era" antropocêntrica, a igreja é vista como uma organização altamente dependente do indivíduo, e que precisa conservá-lo ao custo de várias exceções. O medo da impopularidade leva muitos líderes à cumplicidade e pecados são justificados em nome de uma atitude mais "humana". Por outro lado, muitos, em nome do zelo pela disciplina, cometeram injustiças e causaram mais males que bens. Entretanto, a disciplina é necessária na igreja, hoje e em todas as épocas, quando exercida com amor.
O termo "disciplina," em geral, é empregado em vários sentidos: uma área de ensino, ao exercício da ordem, ao exercício da piedade ou a medidas corretivas no seio da igreja. É notável que na primeira referência no Novo Testamento sobre a Igreja local (Mt 18.15-17), e também na última (Ap 3.19), o assunto é sobre a necessidade de disciplina nesta Igreja.


Há alguns tipos de disciplina mencionados na Bíblia:
Disciplina Divina - onde Deus mesmo corrige os Seus filhos pessoalmente (At 5.1-11).
Disciplina Própria - onde nós mesmos corrigimos as nossas atitudes erradas (1 Co 11.31)
Disciplina no Lar - onde os pais corrigem seus filhos (Ef 6.4).
Além destas, muitas vezes há a necessidade de disciplina na igreja.

A igreja tem autoridade, dada por Deus, para disciplinar (Mt 16.19; 18.18). A autoridade na disciplina nunca vem daquele que a aplica, mas daquele que a ordenou, ou seja, o Cabeça e Senhor da Igreja, Cristo (Ef 1.22-23). A igreja local aplica a disciplina em nome de Deus. A pergunta a ser feita não é “com que direito a igreja disciplina?”, mas: "Com que direito um membro da Igreja do Cordeiro profana o sangue da aliança e ultraja o Espírito da graça?" (Hb 10.29). Nenhum direito nos é dado, mas sim a responsabilidade de amar o pecador e vigiar para que também não caiamos (1 Co 10.12).

Os propósitos da disciplina são:
1. Manter a reputação de Deus (Rm 2.23,24). Deus é santo e exige que o seu povo também o seja e que haja santidade na sua congregação (Dt 7.6; 28.9; 23.14). O céu é santo (Sl 20.6), o Nome de Deus é santo (Sl 30.4), o trono de Deus é santo (Sl 47.8), o homem de Deus é santo (Sl 106.16), o caminho de Deus é santo (Is 35.8), os mandamentos de Deus são santos (Rm 7.12), o temor a Deus é santo (Hb 12.28), os anjos são santos (At 10.22), JESUS é Santo ( Mc 1.24), O Espírito é Santo (Lc 3.22) e Ele nos ordena que sejamos santos (1 Pe 1.15,16; Ap 22.11).

2. Proteger a pureza moral e a integridade doutrinária da igreja (1 Co 5.6,7; 2 Jo 7-11; 1 Tm 1.13). A igreja não pode tolerar o pecado (Ap 2.20). Se Cristo deseja sua igreja "sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito" (Ef 5.27), a disciplina eclesiástica é altamente relevante, pois é um meio instituído por Deus para manter pura a sua igreja. O servo de Deus sempre deve almejar a pureza da noiva do Cordeiro (2 Co 11.1-3), mesmo diante da possibilidade da sua contaminação pelo mundo.

3. Salvar a alma do crente e restaurá-lo à comunhão com Deus e com a igreja (Mt 18.15; Tg 5.19,20; 2 Co 2.7,8; 10.8; Hb 12.6-11; 2 Ts 3.6-15; 2 Tm 2.22-26).

4. Dissuadir outros a não pecarem, temendo a disciplina (1 Tm 5.20; At 5.11).

A disciplina não é obrigatoriamente sinônimo de exclusão, assim como o remédio para tratar um membro doente não é a amputação, senão em último recurso. Isto ocorre frequentemente por falta de habilidade para tratar o caso e por falta de misericórdia por parte dos crentes. A disciplina tem o propósito de educar, corrigir, livrar do mau caminho (Pv 6.20,23; 5.22,23).

Passos para a disciplina, ensinados por Jesus:
1. Repreensão particular (v15; 1 Ts 5.14; Hb 10.25). Uma das melhores coisas a se fazer por um irmão em pecado é confrontá-lo em amor (Pv 27.5-6).
2. Com testemunhas (v16; Jo 8.17; 2 Co 13.1; Hb 10.28; 1 Tm 5.19), com o propósito de conscientizar o ofensor quanto aos prejuízos de sua atitude para com a comunidade do corpo de Cristo e prover testemunhas. Isto é uma referência à prática do AT de não se condenar alguém com base apenas em uma opinião pessoal (ver Nm 35.30, Dt 17.6 e 19.15).
3. Repreensão pública (v17). Diante de tal pronunciamento cada membro do corpo de Cristo deve orar pelo pecador, evitar comentários desnecessários (2 Ts 3.14-15) e vigiar a si próprio (1 Co 10.12). Tal oficialização pública da disciplina traz implicações temporárias em relação aos sacramentos (1 Co 11.27);
4. Desligar da comunhão (v17). Nesse caso, o ofensor é tido como gentio (a quem não era permitido entrar nos átrios sagrados do templo do Senhor) e publicano (que eram considerados traidores e apóstatas: Lc 19.2-10). Com estes não há mais comunhão cristã, pois deliberadamente recusam os princípios da vida cristã (1 Co 5.11). Se o seu pecado é heresia, ou seja, o desvio doutrinário das verdades fundamentais ensinadas nas Escrituras, eles não devem nem mesmo ser recebidos em casa (2 Jo 10-11).


A disciplina deve ser exercida em amor (Hb 12.6-11; Ef 4.15; 2 Ts 3.15; 2 Jo 6; 2 Co 2.6-8; Pv 13.24), mansidão (2 Tm 2.24,25; Gl 6.1), bondade (Rm 15.14), paciência (1 Ts 5.14) e com pesar (1 Co 5.1,2).
As Escrituras mostram que a disciplina de Deus é um exercício do seu amor por seus filhos (Hb 12.4-13). Amor e disciplina possuem conexão vital (Ap 3.19). Além do mais, disciplina envolve relacionamento familiar (Hb. 12.7-9), e quando os cristãos recebem disciplina divina, o Pai celestial está apenas tratando-os como seus filhos. A disciplina que vem do Senhor "é para o nosso bem (v. 10)." Ainda que seja inicialmente doloroso receber disciplina, a mesma produz paz e retidão (v. 11). O propósito de Deus em disciplinar não é o de incapacitar permanentemente o pecador, mas antes de restaurá-lo à saúde espiritual (v. 13).
A igreja não pode ser : “o único exército que abandona seus feridos no campo de batalha”.

O pecador deve ser afastado, antes que contamine outros (Rm 16.17; 2 Ts 3.6, 14; 1 Co 5.6-13; 1 Tm 1.20)
O Obreiro que causar escândalo deve ser tratado com o mesmo rigor (1 Tm 5.19,20; Gl 2.11-18)

Motivos para disciplina / afastamento:
· Divisões e escândalos (Rm 16.17; Tt 3.10-11; At 20.29,30; 16.17-20)
· Devassidão, idolatria, bebedices, roubo, maledicência (Rm 5.11)
· Heresia (2 Jo 6,9,10)
· Imoralidade (1 Co 5.1);
· Blasfêmia - ensinar doutrina errada sobre a pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo (1 Tm 1.20).

Os pecados que foram explicitamente disciplinados no Novo Testamento eram conhecidos publicamente e externamente evidentes, e muitos deles haviam continuado por um período de tempo.

Casos que precisam de orientação, mas não punição:
· Tropeço (Gl 6.1). Neste caso o pecado não foi planejado e não era costume da pessoa agir assim.
· Dúvidas sobre doutrina (Jd 16-23). Estas pessoas não são falsos ensinadores, mas precisam de compaixão e esclarecimento.
· Desordenado (2 Ts 3.6-14). Esta pessoa intromete na vida de outros; ou não quer trabalhar para ganhar a sua vida material; passa muito tempo nas casas dos outros falando o que não deve; usa a Palavra publicamente para atacar outros. Toda a igreja deve mostrar que não está gostando do seu comportamento e não deve dar oportunidades para ele.

A disciplina visa à restauração. Portanto, o disciplinado deve ser acompanhado e orientado pela igreja em todo o tempo da sua disciplina. Não deve ser afastado dos cultos de instrução e oração, pois neste momento ele está fraco e precisando alimentar seu espírito com as coisas de Deus.
O arrependido e disciplinado deve ser genuinamente perdoado (Lc 17.3). Deus perdoa, mas a igreja local muitas vezes não esquece, mas isola o irmão e o trata como se não tivesse sido perdoado. A igreja precisa perdoar como Deus o faz (Mq 7.18,19).
Paulo exorta a igreja para que manifeste perdão, conforto e reafirmação de amor para com o arrependido, para que "o mesmo não seja consumido por excessiva tristeza" (2 Co 2.7-8). Outra razão para esta exortação é para que "Satanás não alcance vantagem" sobre a igreja, criando amargura, discórdia e dissensão (v. 11).
Há sempre a possibilidade de que o disciplinado não se submeta à disciplina, e acuse a igreja de discriminação. Tal atitude apenas manifesta ignorância e estupidez (Pv 12.1 - tradução literal). Segundo as Escrituras, é o pecado e a determinação em segui-lo que gera discriminação, e não a disciplina (1 Co 5.5 e 1 Tm 1.20). O homem espiritual deve submeter-se à disciplina (Hb 13.17) e não rejeita-la, pois isso seria seu fim (Pv 5.11-14).

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