Ensina a tradição religiosa cristã que há um ser angelical acusando os pecadores diante de Deus. O seu nome é Diabo ou Satanás. A base para esta doutrina se acha no livro do Apocalipse: “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada Diabo, e Satanás, que engana a todo o mundo: ele foi precipitado na Terra, e os seus anjos foram lançados com ele. E ouvi uma grande voz que dizia: Agora chegada está a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derribado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite” (Ap.12:9-10). O verso nove fala do enganador, e o verso dez fala do acusador. São pessoas diferentes com atuações diferentes. O Diabo enganou Eva, mas não a acusou. Não há na Bíblia, no Velho, como no Novo Testamento, nenhuma acusação do Diabo diante de Deus. Analisemos o caso de Jó. Satanás não acusou, apenas pôs em dúvida a sua fidelidade. Foi caso de suspeita, não de acusação. Como Jó não caiu em pecado, a suspeita foi infundada, e Jeová foi quem caiu inutilmente na tentação do Diabo. Caindo na tentação do Diabo, Jeová quebrou a sua promessa de guardar o justo: “Vós, que amais a Jeová, aborrecei o mal; ele guarda as almas dos seus santos, e os livra das mãos dos ímpios” (Sl.97:10; 37:28; 91:1-10, etc.). Os acusadores de Jó foram seus três amigos, afirmando que o mal lhe tocou porque era pecador. O próprio Jeová testificou de Jó como sendo justo (Jó 1:8; 2:3). Neste último verso Jeová confessa ter sido incitado pelo Diabo sem causa, coisa que não condiz com a sua divindade.
A Bíblia deixa bem claro as atuações do Diabo:
TENTADOR- “E chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães” (Mt.4:3; 1 Ts.3:5; 1 Co.7:5).
DEVORADOR- “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios; vigiai; porque o Diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a que possa tragar” (1 Pd.5:7-8).
GERAR FILHOS- “Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai…” (Jo.8:44).
ARMADOR DE CILADAS- “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do Diabo” (Ef.6:11).
MENTIROSO- “Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos do vosso pai; ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, PORQUE NÃO HÁ VERDADE NELE; QUANDO ELE PROFERE MENTIRA, FALA DO QUE LHE É PRÓPRIO, PORQUE É MENTIROSO E PAI DA MENTIRA” (Jo.8:44). É óbvio que um mentiroso não pode acusar ninguém diante do Juiz. Deus, o soberano Deus, não permitiria as acusações de um demônio mentiroso. Seria uma pantomima. Seria a desmoralização do tribunal celestial. Uma comédia bíblica.
Graças a Deus, Jesus nos dá uma explicação convincente: “Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais” (Jo.5:45). Por que Moisés é o acusador ? Porque Moisés entregou ao povo de Israel a lei de Jeová. “Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca do concerto de Jeová, vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti” (Dt.31:26). “E os nossos reis, os nossos príncipes, os nossos sacerdotes, e os nossos pais não guardaram a tua lei, e não deram ouvidos aos teus mandamentos e aos teus testemunhos, que testificaste contra eles” ( Ne.9:34).
Ora, se a lei acusa, e a lei é de Jeová, o acusador é Jeová e não o Diabo. Que Jeová acusa o pecado dos homens é fácil de provar. “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos a voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (Gn.3:17). Acusou e condenou Adão, e acusou e condenou aos antediluvianos: “Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face, porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra” (Gn.6:3). Acusou ER, filho de Judá: “Er, porém, o primogênito de Judá, era mau aos olhos de Jeová, pelo que Jeová o matou” (Gn.38:7). Acusou Saul: “Então disse Jeová a Samuel: Até quanto terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado para que não reine em Israel?” (1 Sm.16:1). Acusou o sacerdote Eli: “E disse Jeová a Samuel: Eis aqui vou eu a fazer uma coisa em Israel, a qual todo o que ouvir lhe tinirão ambas as orelhas. Naquele mesmo dia suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado contra a sua casa; começá-lo-ei e acabá-lo-ei” (1 Sm.3:11-12). Jeová acusou a Davi: “Por que, pois, desprezaste a palavra de Jeová, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o Heteu, feriste a espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amon. Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, …” (2 Sm.12:9-10). Jeová acusou todo mundo: Salomão, Roboão, Jeroboão, Gideão, Acabe, etc, etc.
Jesus não acusa ninguém (Jo.5:45). Muito pelo contrário. Jesus é o advogado dos pecadores. Não acusou a pecadora de Lc.7:36-47. Nem a adúltera que ia ser apedrejada (Jo.8:1-11). Nem o desonesto cobrador de impostos, chamado Zaqueu (Lc.19:1-10). Nem os ladrões na cruz (Lc.23:9-43). JESUS É O ADVOGADO DOS PECADORES. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 Jo.2:1).
Jeová é o acusador, logo não são a mesma pessoa, e Jeová também não é o Pai, pois o Pai só salva, e não acusa, nem condena. “Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis” (1 Tm.4:10).
Jesus Cristo, como Salvador e advogado, tinha de suprimir a lei acusadora de Jeová, pois se a adotasse seria acusador também, como aconteceu com Moisés.
Jesus Cristo é o único Salvador e o único caminho.
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